Política

100% dos políticos portugueses inquiridos consideram a atividade de lobbying insuficientemente regulamentada!

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 05-06-2013

Um estudo sobre a eficácia do lobbying na Europa elaborado pela Burson-Marsteller, empresa global líder em relações públicas e consultoria de comunicação de que a Lift Consulting é a afiliada em Portugal, revela algumas diferenças interessantes sobre as atitudes dos políticos e responsáveis de topo da União Europeia e dos 19 países europeus, nomeadamente em relação a aspetos como a natureza dos bons e maus lobistas, a necessidade de mais regulamentação do lobbying ou a utilidade dos social media como um canal de influência.

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Este estudo da Burson-Marsteller, que vai já na sua 5ª edição, apresenta como aspeto preponderante o facto de 9 em cada 10 inquiridos concordarem com a ideia de que “o lobbying ético e transparente ajuda no processo de desenvolvimento de políticas”, a que acresce a ideia de que a maioria dos grupos lobistas é vista como transparente, principalmente as associações de comércio, as associações profissionais, as empresas, os sindicatos e as ONGs.

Refira-se que o vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic, que escreveu o prefácio do estudo e participou na sessão pública da sua apresentação, afirmou que “o lobbying faz parte do jogo. Temos que ter a certeza de que ele é feito de forma transparente e ética. O Transparency Register definido pela Comissão Europeia e pelo Parlamento Europeu serve precisamente esse propósito. Mas são ainda necessários esforços dos profissionais do lobbying – esforços que eu aprecio e encorajo”.

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No mesmo sentido se pronunciou Jeremy Galbraith, CEO da Burson-Marsteller EMEA, ao sustentar: “É reconfortante ver que, apesar de alguns escândalos com lobistas de alto perfil, o lobby transparente e ético é o considerado como normal e é altamente valorizado pelos decisores políticos em toda a Europa”.

Outro aspeto preponderante que sobressai deste estudo diz respeito à opinião maioritária de que o lobbying ainda não é suficientemente regulado. De facto, 56% dos inquiridos pronunciam-se neste sentido, mas no caso particular de Portugal as respostas são 100% reivindicativas de uma efetiva regulamentação da atividade.

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Quanto ao imperativo do registo obrigatório dos lobistas, 53% consideram-no desejável nos seus países de origem, mas as respostas referentes a Portugal atingem os 88% na defesa desse registo obrigatório.

“Estes números traduzem a necessidade de clarificação da situação Portuguesa relativamente á atividade do Lobbying. Uma atividade que, efetivamente, se move num cenário totalmente desregulado que importa ultrapassar através de um esforço de transparência já atingido na maior parte dos países da Europa ”, explica Salvador da Cunha, Presidente da Lift Consulting, que acrescenta: “Num processo de lobbying, legalmente enquadrado, o poder político sabe exatamente quem são os seus interlocutores, quais os interesses que representam e quais as suas pretensões. Este facto determina uma maior transparência na adoção de políticas públicas e na sua compreensão por parte dos cidadãos”’.

Entre as conclusões do estudo encontra-se uma em particular, que refere que as Associações de Comércio são consideradas como as lobistas mais eficazes (62%), seguidas pelas organizações profissionais e pelas ONGs. Verificaram-se, todavia, algumas diferenças significativas de apreciação conforme os países: por exemplo, na Alemanha, as ONGs e as agências de Relações Públicas são vistas como as mais eficazes – com 78% e 71%, respetivamente.

Os órgãos de notícias especializadas, os sites governamentais, os sites científicos e os sites de media tradicional foram considerados os recursos online mais úteis. Surpreendentemente, os social media tenderam a ser vistos como pouco úteis para assuntos relacionados com trabalho. De resto, quase metade dos inquiridos nunca usa o Twitter para mensagens de trabalho e apenas um quinto recorre ao Facebook diariamente por motivos profissionais. Os sites de associações das várias indústrias, empresas e ONGs costumam ser visitados pelo menos uma vez por semana por cerca de 40% das pessoas inquiridas no estudo.

Entre outras conclusões do inquérito Europeu, destacam-se as seguintes:

  • A maioria (56%) dos inquiridos na Europa pensam que não existe no seu país regulamentação suficiente face ao lobbying
  • Um em quatro inquiridos disse que ainda existe um problema significativo com os lobistas “empresariais”, que oferecem incentivos vistos como não éticos
  • Os Social media (47%) e os media tradicionais, entre os quais se incluem os seus websites (ambos 26%), aparecem como não particularmente úteis
  • Os decisores políticos recorrem muitas vezes aos sites das empresas (43%), utilizando-os pelo menos uma vez por semana, a sites de associações empresariais (41%), sites de NGOs (37%) e à Wikipédia (38%).
  • Os lobistas das empresas dos setores energético (68%) e da saúde (60%) são vistos como os mais eficazes. Os lobistas das ONGs mais eficientes trabalham nos campos ambiental (52%) e de direitos humanos (49%).
  • Para os inquiridos, tanto os lobistas das empresas como os das ONGs são menos eficazes nas áreas do retalho (13%) e dos bens de consumo (15%).
  • 48 % dos inquiridos pensam que as ONGs não são suficientemente transparentes na forma como representam os seus interesses e 56% pensam ainda que estas organizações baseiam as suas posições em emoções, e não em factos.

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