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Xavier Viegas diz que apoios à investigação de incêndios não têm continuidade assegurada

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 14-02-2020

O programa de apoio lançado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) para projetos de investigação em torno de incêndios florestais foi mal desenhado e não tem continuidade assegurada, alertou hoje o especialista Domingos Xavier Viegas.

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“Depois de 15 milhões de euros [em três concursos entre 2017 e 2019], o programa acaba. Devia ser assegurada a continuidade. Este programa viu surgir imensas equipas a trabalhar com muita qualidade – equipas essas que se calhar anteriormente não estavam viradas para este tema -, mas agora que se criam capacidades é necessário aproveitá-las”, afirmou o coordenador do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF), Domingos Xavier Viegas, que falava à agência Lusa à margem de um evento em Coimbra onde membros de 18 projetos de investigação apoiados pelo programa da FCT discutem resultados.

Domingos Xavier Viegas realçou a dimensão do programa de apoio lançado em 2017, mas diz temer que aconteça o mesmo que em 2003 ou nos anos 1990, em que iniciativas semelhantes mas de menor dimensão foram lançadas e posteriormente “descontinuadas”, criando um processo de “para e arranca” para os investigadores da área.

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Já na sessão de abertura do ‘workshop’ que decorre durante o dia de hoje na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), o especialista em incêndios florestais alertou para diversas falhas do programa, como um enviesamento das regras para alguns temas, “repetição de tópicos” e alteração das “regras” para o último concurso, cujas candidaturas terminam no dia 20.

“Este programa e as suas prioridades foram desenhadas por um pequeno grupo de pessoas, sem discussão alargada. Está muito virado para a área florestal e não estão refletidas coisas relacionadas com a segurança das pessoas e com a proteção de um modo geral”, afirmou à Lusa o investigador e catedrático da FCTUC.

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Considerando o programa mal construído, Xavier Viegas realçou que a própria definição do calendário para os três concursos, em três anos seguidos, “obriga a que os projetos sejam pequenos e as equipas tenham que se dividir”.

A Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI), onde está integrado o CEIF, está envolvida em quatro projetos e com capacidades quase esgotadas.

“Talvez sejamos das maiores equipas no país a trabalhar na área dos incêndios e não temos capacidade. Em três anos, não acabámos sequer o primeiro projeto”, notou, defendendo mais tempo e espaço entre concursos para ser possível ver resultados dos projetos e dar também uma oportunidade “às equipas para se ligarem”.

A falta de incentivos à sinergia e o estímulo à criação de pequenos projetos tem levado a várias investigações “sobrepostas”, acrescentou.

O evento de hoje, onde são apresentados 18 projetos de investigação em curso, é organizado pelos investigadores responsáveis dos projetos FIREFRONT, FIRESTORM e McFIRE.

Ordenamento do território, medição de humidade, modelos de apoio à gestão florestal, previsão de ocorrência de incêndios, mapeamento e predição da progressão de incêndios com recurso a drones ou a exposição de bombeiros à poluição do ar são alguns dos temas abordados pelos projetos de investigação hoje apresentados.

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