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Voltou o “terror nuclear” à Europa? Leia aqui o que aconteceu hoje

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 04-03-2022

A Ucrânia acusou hoje a Rússia de “terror nuclear”, após um ataque noturno à central de Zaporizhzhia, que levantou receios de uma catástrofe e levou a uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.

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Na madrugada de hoje, os bombeiros ucranianos já tinham conseguido extinguir o incêndio junto às instalações da maior central nuclear da Europa, causado por bombardeamentos russos.

A comunidade internacional demorou pouco tempo a reagir, mostrando-se muito preocupada com a possibilidade de um acidente nuclear na Ucrânia, envolvida numa guerra com a Rússia.

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“Sobrevivemos a uma noite que poderia ter posto fim à História da Ucrânia, à História da Europa. Foi um ato de terror nuclear”, disse o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

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O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, disse de imediato estar disponível para ir à Ucrânia negociar uma solução que garanta a segurança das instalações nucleares ameaçadas pela guerra.

Também a China se declarou “seriamente preocupada com a segurança” das instalações nucleares na Ucrânia, enquanto o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel advertia que “a segurança e proteção nuclear não podem ser colocadas em perigo por ataques indiscriminados”.

A presidente da Comissão Europeia disse que a União Europeia (UE) está “realmente preocupada” com a “catástrofe humanitária” e “a destruição” causada pela invasão russa da Ucrânia, falando numa “destruição não vista desde o século passado”.

“A dimensão da catástrofe humanitária que se está a desenrolar na Ucrânia preocupa-nos realmente. A Europa está a assistir à destruição e à deslocação a uma escala não vista desde os dias mais negros do século passado”, declarou Ursula von der Leyen.

A Rússia negou ter atacado a central nuclear de Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia, e alegou que o incidente foi uma provocação de um grupo de sabotagem ucraniano.

“O objetivo da provocação do regime de Kiev a esta instalação nuclear foi uma tentativa de acusar a Rússia de criar uma fonte de contaminação radioativa”, disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, citado pela agência espanhola EFE.

A situação levou a uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU, a pedido do Reino Unido, para discutir as consequências dos bombardeamentos russos contra a central nuclear ucraniana.

Na reunião, a responsável de Assuntos Políticos da ONU, Rosemary DiCarlo, disse que os ataques a centrais nucleares, como o realizado pelas forças russas, são contra as normas internacionais e uma grande irresponsabilidade.

“As operações militares em torno de instalações nucleares e outras infraestruturas civis são não só inaceitáveis, como altamente irresponsáveis”, disse DeCarlo.

Em Bruxelas, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, disse que, além de ter violado “todos os princípios do direito internacional” ao invadir a Ucrânia, a Rússia está também a desrespeitar “as regras da guerra”, referindo-se aos ataques indiscriminados a instalações civis.

Santos Silva disse ainda que, “olhando para o mapa das operações russas” na Ucrânia, a Moldova é a “preocupação mais instante” em termos de uma eventual agressão militar da Rússia a outros países.

Depois de, na quinta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, ter conversado telefonicamente com o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, hoje foi a vez do chanceler alemão, Olaf Scholz.

O chanceler alemão pediu a Putin que coloque imediatamente um fim aos combates na Ucrânia e abra corredores de ajuda humanitária.

“O chanceler disse que estava muito preocupado”, invocando “as imagens e informações terríveis vindas da Ucrânia”, de acordo com um comunicado do Governo alemão.

Segundo o relato da conversa telefónica divulgado em Moscovo, Putin disse a Scholz que a Rússia só aceita um diálogo de paz com a Ucrânia se Kiev aceitar “todas as exigências russas”.

“A Rússia está aberta ao diálogo com o lado ucraniano, bem como com todos aqueles que querem a paz na Ucrânia. Mas na condição de todas as exigências russas serem satisfeitas”, disse o Kremlin (Presidência) sobre a declaração de Putin a Scholz, citado pela agência francesa AFP.

Ainda assim, no telefonema, Putin admitiu uma terceira ronda de negociações russo-ucranianas, ainda este fim de semana, uma declaração confirmada pelo chefe dos negociadores ucranianos, Mykhailo Podoliak.

“A terceira fase [das negociações] pode ter lugar amanhã [sábado] ou depois de amanhã [domingo], estamos em contacto constante”, disse Podoliak.

As autoridades ucranianas disseram ter sido registados fortes combates em Cherhiguiv, a norte de Kiev, e em Bucha, a noroeste da capital.

A Rússia reclama já ter destruído 1.812 infraestruturas militares ucranianas desde o início da “operação especial” na Ucrânia.

A lista de alvos destruídos inclui “65 centros de comando e comunicações das forças armadas ucranianas, 56 sistemas de mísseis terra-ar S-300, Buk M-1 e Osa, e 59 estações de radar”, disse o major-general Igor Konashenkov, citado pela agência estatal TASS.

A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch denunciou hoje que o exército russo usou em Kharkiv, cidade no leste da Ucrânia, bombas de fragmentação, cuja utilização pode constituir um crime de guerra.

As forças russas fizeram uso dessas armas “em pelo menos três bairros residenciais de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, a 28 de fevereiro”, afirmou a ONG.

Perante estas denúncias, Volodymyr Zelensky congratulou-se com a decisão da ONU de criar uma comissão independente de peritos para investigar possíveis violações dos direitos humanos perpetradas pela Rússia na Ucrânia.

A decisão foi aprovada pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, por esmagadora maioria, durante um debate de urgência em Genebra, Suíça, a pedido da Ucrânia.

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