Desporto

Volta a Portugal: Antigos vencedores desvendam segredos para triunfar na Senhora da Graça

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 14-08-2022

Para ganhar no alto da Senhora da Graça é preciso saber esperar pelo momento certo para atacar, com os últimos dois quilómetros da subida a serem apontados por antigos vencedores como os mais decisivos.

PUBLICIDADE

“Eu acho que, primeiramente, o grande segredo é não nos precipitarmos. A subida tem duas fases, que são bastante diferentes, e normalmente quem arranca cá em baixo, nunca chega lá acima ao alto”, notou Rui Sousa, em declarações à agência Lusa.

Vencedor no alto da Senhora da Graça em 2012, o antigo ciclista defende que o importante, “quando se está bem, é pôr a equipa a imprimir um ritmo muito forte” desde Mondim de Basto, embora onde se façam diferenças “é realmente nos últimos dois quilómetros, sobretudo no último” dos 8,4 de ascensão.

PUBLICIDADE

“Foi assim que ganhei lá um ano e tem sido assim nos últimos anos que, normalmente, tem acontecido. Todos os atletas que arrancam na fase inicial da subida, se repararem quase nunca nenhum chegou lá acima isolado”, reforçou Sousa, que nesta Volta a Portugal está a trabalhar para a organização.

Também António Carvalho (Glassdrive-Q8-Anicolor) aponta os derradeiros dois quilómetros como decisivos, ressalvando, contudo, que a sua vitória de 2019 “foi um pouco fora do normal”, porque vinha “fugido desde a partida”.

PUBLICIDADE

publicidade

“Só que entrei na subida com apenas 20 segundos ou nem isso e, depois, naquele caso foi saber gerir o esforço. Por ter feito várias vezes o trabalho de puxar pela subida acima, sabia onde se tinha de apertar e levantar o pé. Nesse dia, lembro-me de ter enganado os adversários, ali a um quilómetro da meta, a fazer de conta que tinha abdicado da etapa. Ao levantar o pé, eles pensaram ‘ele já vai morto’ e eu aproveitei para acelerar outra vez a fundo”, recordou.

O quarto classificado da geral da 83.ª Volta a Portugal considera que nesse triunfo pesou mais “a inteligência do que a capacidade física”.

“Consegui transmitir sempre aos adversários que me conseguiriam apanhar quando quisessem. E eu ia a pensar precisamente o contrário ‘eles pensam que me vão apanhar mas não vão’”, revelou.

No entanto, ‘Toni’ sabe que “em pelotão compacto, já é diferente”. “A diferença faz-se muito nos últimos dois quilómetros. É uma subida que, ou temos uma equipa forte, que é o nosso caso, com três ciclistas muito fortes, e entramos cá em baixo muito agressivos e passamos ao ataque, ou só vejo ali nos últimos dois quilómetros para dar diferenças”, estimou.

Já Gustavo Veloso vai alertando para que “não é fácil dar uma resposta” sobre qual é a tática perfeita para ganhar no alto da Senhora da Graça, embora, em jeito de brincadeira, diga que “o segredo é carregar forte nos crenques e chegar lá acima e arrancar forte nos últimos 500 metros”.

“A estratégia para ganhar na Senhora da Graça não depende só de nós. Uma coisa é a estratégia se tens uma equipa forte como a Glassdrive; a estratégia deles na Senhora da Graça baseia-se em chegar ao alto tudo junto e endurecer a corrida e que o Fred [Figueiredo], que é o melhor trepador, chegue ali e faça a diferença. E se não for uma equipa assim, a estratégia passa por entrar numa fuga com pessoas com tempo perdido, e depois ser fino. Puxar o mesmo que puxam os outros, para chegar à parte final e estar com força”, comparou.

Para o diretor desportivo da Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados, vencedor no ponto mais alto do Monte Farinha em 2016, “não é igual discutir a etapa da Senhora da Graça desde o ponto de vista da geral ou de uma fuga”.

Apesar de ser uma das mais emblemáticas subidas da Volta a Portugal, a par da Torre, e uma das etapas mais aguardadas a cada edição, a Senhora da Graça não tem causado um grande ‘fosso’ entre candidatos à geral, como evidenciou Rui Sousa.

“Nos últimos anos, ou desde quase que eu ando nestas coisas, nunca foi uma subida que fez diferenças significativas. Foi sempre uma subida em que os cortes que há entre os principais favoritos são de muito poucos segundos. A alta montanha desta Volta a Portugal, aquela ou aquelas que podiam fazer a diferença, foi a das duas etapas que passaram [Torre e Observatório de Vila Nova]”, reforçou.

E, na opinião do antigo ciclista, a etapa que hoje liga Paredes à Senhora da Graça, no total de 174,5 quilómetros, “também não vai fazer isso e a corrida vai ser discutida no contrarrelógio” que na segunda-feira encerra a 83.ª Volta a Portugal, hoje liderada por Frederico Figueiredo (Glassdrive-Q8-Anicolor).

por Ana Marques Gonçalves, da agência Lusa

Related Images:

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE