Coimbra

Vogais demitidos da Metro Mondego surpresos com a decisão

Notícias de Coimbra com Lusa | 50 minutos atrás em 03-09-2025

 Os dois vogais demitidos da Metro Mondego por decisão do Governo mostraram-se hoje surpreendidos com a decisão, com um dos administradores substituído a afirmar que a substituição não poderia ocorrer em pior altura face à preparação da operação comercial.

Eduardo Barata e Teresa Jorge foram demitidos e substituídos dos cargos de administradores executivos da Metro Mondego, por proposta do Estado (que é acionista maioritário da empresa e que manteve o atual presidente do conselho de administração), na assembleia geral que decorreu na terça-feira e que mereceu o voto contra dos municípios de Miranda do Corvo e da Lousã.

Contactados pela agência Lusa, os dois vogais mostraram-se surpreendidos com a decisão de substituição antes do final do mandato (31 de dezembro), referindo que não lhes foi apresentada qualquer justificação por parte da tutela.

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Apenas tiveram conhecimento da decisão aquando da convocatória da assembleia geral, em agosto.

Para Eduardo Barata, seria “difícil escolher uma fase pior [para substituir os vogais]”, dando nota das “décadas de gestação” que viveu o Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) – implicou o fecho do ramal da Lousã há mais de 20 anos.

“Estamos a caminho da maternidade com um bebé que teve uma gravidez de risco que se prolongou por décadas e, neste momento, estamos a agredir esse bebé. Estamos a pôr em causa a saúde do próprio projeto”, disse à Lusa o vogal demitido.

Questionado pela Lusa se encontra algo que justifique a decisão do Governo, Eduardo Barata admitiu dificuldade em apontar para uma justificação, mas confia que quem tomou a decisão “estará certamente consciente das suas consequências”.

“Se as pessoas que agora foram nomeadas tiverem confiança e estatuto junto do Governo central, isso poderá ser muito positivo para resolver alguns dos dossiês mais complexos que ficam por resolver”, notou.

Os dois administradores foram substituídos numa altura em que o SMM arrancou com uma operação preliminar em cinco quilómetros do seu troço na cidade de Coimbra e que prepara o arranque da operação comercial até ao final do ano entre Serpins (Lousã) e Portagem (Coimbra).

Na ótica de Eduardo Barata, havia um conjunto de procedimentos e processos complexos associados ao arranque da operação que estavam “com uma dinâmica muito acentuada nos últimos meses” e que neste momento ficam “um bocadinho mais desamparados”.

Para o vogal demitido, isso irá implicar “um esforço acrescido de alguém que já estava sobrecarregado”, o presidente da Metro Mondego, João Marrana.

“Independentemente da competência das pessoas que entram e que desejo que tenham a maior sorte do mundo […], eles vão precisar de um tempo considerável até conseguirem começar a contribuir positivamente para o projeto”, disse.

Eduardo Barata salientou ainda que sempre sentiu apoio da tutela, dando nota de uma relação “excecional” com o gabinete do ministro das Infraestruturas e Habitação.

Contactada pela agência Lusa, Teresa Jorge afirmou que a decisão a apanhou de surpresa.

Questionada sobre se a mudança nesta altura terá algum impacto no desenvolvimento do projeto, a vogal escusou-se a tecer comentários.

O presidente da Metro Mondego recusou-se a comentar a decisão.

Eduardo Barata e Teresa Jorge, ambos com ligações ao PS, são substituídos por Ricardo Cândido, chefe de divisão na Câmara da Figueira da Foz, e pela docente no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC), Cristina Agreira, ambos membros do executivo da Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais, liderada pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/CDS/NC/PPM/A/R/V), que conquistou também a Câmara de Coimbra.

Na terça-feira, o Ministério das Infraestruturas e Habitação não avançou com qualquer esclarecimento sobre a mudança.

A Metro Mondego gere a operação do SMM, que irá servir os concelhos de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã, com autocarros elétricos articulados a circular em canal dedicado.

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