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Coimbra

Viseiras de proteção são trocadas por alimentos para sem-abrigo

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 13-05-2020

Um grupo de três profissionais da área da informática, residentes na Figueira da Foz, está a produzir equipamentos de proteção individual para entidades ou cidadãos necessitados face ao novo coronavírus, pedindo, em troca, alimentos para os sem-abrigo.

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Intitulado “233-SOS-Makers”, denominação que integra o indicativo de telefone fixo da Figueira da Foz e a referência aos artesãos dos tempos modernos (maker’s), que usam impressoras a três dimensões (3D) para dar corpo aos seus projetos, o grupo nasceu no final de abril de uma ideia colaborativa de David, Marco e Luís, que já integravam o movimento nacional que está a fazer produção artesanal daqueles equipamentos.

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Ouvido pela agência Lusa, David Sopas, perito em segurança informática, por estes dias transformado em ativista social e um dos mentores do grupo da Figueira da Foz, explicou que os três amigos chegaram a produzir centenas de viseiras de proteção, no pico da pandemia de covid-19, para várias instituições, que foram fornecidas pelo movimento que tem milhares de utilizadores.

“Agora, já não faz sentido ser em grande número, porque as empresas que trabalham com plásticos e outros materiais têm toda a legitimidade para o fazer e devem fazê-lo. Porque o comércio precisa de vender e a economia tem de avançar”, defendeu David Sopas.

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O projeto do “233-SOS-Makers” passou, assim, por produzir em pequenas quantidades, a nível local, com a diferença assente numa ideia de Patrícia Oliveira, mulher de David: pedirem bens alimentares em troca das viseiras, para os entregarem a uma instituição, a C.A.S.A., que dá apoio a cidadãos sem-abrigo.

As viseiras, mas também os ‘salva-orelhas’ – objeto colocado na parte de trás da cabeça, que permite prender os elásticos das máscaras – “são feitos em pequenas quantidades e entregues a pessoas que necessitem mesmo deles, como profissionais que estão na linha da frente do combate à pandemia ou doentes oncológicos que tenham dificuldades em adquirir os equipamentos”, entre outros.

“Em troca, pedimos alimentos e as pessoas dão o que puderem, não há uma tabela. Mas a Figueira da Foz é uma cidade extremamente solidária, já aconteceu por duas presilhas para as orelhas nos darem três volumes de pacotes de leite”, observou David Sopas.

Bens recolhidos em troca de viseiras

Na página criada na rede social Facebook, o grupo de ‘maker’s’ vai atualizando o número de géneros alimentares recebidos e entregues à instituição de apoio aos sem-abrigo, que, na terça-feira, ascendiam a quase 300 unidades, com destaque para o leite, conservas, bolachas e cereais.

E se uma clínica dentária, que requereu equipamentos de proteção para os seus profissionais, entregou em troca géneros alimentícios “porque o pode fazer”, a instituições como os Bombeiros Voluntários ou delegações da Cruz Vermelha do concelho da Figueira da Foz aqueles foram entregues sem a ‘regra’ da troca por bens alimentares, “porque nesses casos não faz sentido pedir nada, estamos a ajudar quem a todos ajuda”, precisou.

“Mas também houve quem nos pedisse 100 viseiras e eu recomendei uma empresa que as está a fazer e precisa de produzir. Não é a minha área de negócio, a empresa onde trabalho [em segurança informática e agora a partir de casa] está em funcionamento e não recorreu ao ‘lay off'”, disse David Sopas.

Por outro lado, o processo de produção artesanal, explicou, acaba por ser algo moroso e privilegia a qualidade em detrimento da rapidez.

“Ao início, quando não havia equipamentos em lado nenhum, uma viseira fazia-se em 40 minutos. Agora, é feita com outro cuidado e já demora quase duas horas. Montá-las com os devidos cuidados é mais complicado que a própria impressão 3D, temos de desinfetar muito bem os acetatos e arranjar acetatos com a grossura indicada, o que às vezes não é fácil”, notou o perito informático.

Depois de três semanas de atividade, o projeto criado na Figueira da Foz, no litoral do distrito de Coimbra, já teve eco nas Caldas da Rainha, no distrito de Leiria, onde a ideia da troca por bens alimentares foi adotada por uma instituição social, com a colaboração do grupo “233-SOS-Makers”.

Segundo David Sopas, a instituição em causa “apoia 75 casais, faz sopa todos os dias, mas já tem falta de batatas e outros produtos”.

“Esta semana estamos a fazer 100 viseiras para lhes entregar, para que as possam trocar pelos géneros alimentícios de que necessitam. No sábado, vamos entregá-las, saímos da Figueira com a esperança de sorrisos nas Caldas da Rainha”, rematou.

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