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Vírus mortal transmitido por roedores pode ser a próxima pandemia mundial

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 7 horas atrás em 10-07-2025

Imagem: depositphotos.com

Especialistas de saúde pública estão a lançar um alerta sobre a disseminação do hantavírus, um vírus raro e potencialmente fatal transmitido por roedores, que poderá representar a próxima pandemia global.

Esta semana, as autoridades de saúde confirmaram que um funcionário do Parque Nacional do Grand Canyon, no Arizona, foi exposto ao hantavírus, uma doença respiratória grave que se transmite pela inalação de partículas libertadas no ar através das fezes de roedores, pode ler-se no Daily Mail.

Apesar de ser uma doença rara nos Estados Unidos, que regista apenas uma ou duas mortes anuais e cerca de mil casos nos últimos 30 anos, os recentes surtos estão a preocupar os especialistas. Só este ano, cinco residentes do Arizona e quatro do Nevada foram diagnosticados com hantavírus, sugerindo um possível aumento dos casos. Em 2024, foram confirmados sete, dos quais resultaram quatro mortes.

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Segundo um porta-voz do parque, o funcionário terá sido exposto ao vírus enquanto trabalhava nos currais de mulas do acampamento. Este surto vem juntar-se às mortes recentes em Mammoth Lakes, na Califórnia, onde três pessoas faleceram devido à doença, apesar de não terem estado envolvidas em atividades habitualmente associadas à exposição.

O hantavírus pode causar a Síndrome Pulmonar por Hantavírus (SPH), que provoca acumulação de líquido nos pulmões e tem uma taxa de mortalidade de até 50%. As autoridades recomendam precauções para reduzir a exposição, como ventilar bem os locais onde possam existir fezes de roedores, evitar varrer essas áreas, usar desinfetante, luvas e máscara ao limpar detritos.

Este grupo de vírus é transmitido através da inalação de matéria fecal, urina ou saliva aerossolizada de roedores infetados. O hantavírus foi identificado pela primeira vez na Coreia do Sul em 1978, mas nos EUA afeta sobretudo o sudoeste, com cerca de 40 a 50 casos anuais.

Entre 1993 e 2022, foram confirmados 864 casos nos EUA, segundo dados do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC). Mundialmente, ocorrem entre 150.000 a 200.000 casos anuais, principalmente na China.

Nos EUA, o principal hospedeiro são os camundongos-cervos, mas estudos recentes da Virginia Tech revelaram que o vírus está a circular entre outras espécies de roedores, indicando uma maior flexibilidade do vírus do que se pensava.

O aumento dos casos e a expansão do vírus entre diferentes espécies preocupam cientistas, que alertam para o risco de uma eventual disseminação global. David Quammen, autor que previu a pandemia de Covid-19, referiu que o hantavírus, conhecido desde a Coreia do Sul, já causou surtos na zona conhecida como Four Corners, nos EUA, desde 1992.

Os sintomas da infeção aparecem entre uma a oito semanas após a exposição, incluindo fadiga, febre, dores musculares, dores de cabeça, tonturas, calafrios e problemas digestivos. A progressão pode incluir dificuldade respiratória e acumulação de líquido nos pulmões.

Atualmente, não existe tratamento específico para o hantavírus, pelo que o acompanhamento médico é feito através de terapias de suporte, como repouso, hidratação e apoio respiratório.

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