A rede regional da vida Verde do Acidente Vascular Cerebral (AVC) da Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra assistiu mais de 6.000 pessoas na última década, com um impacto muito relevante na região Centro.
“Ao longo destes 10 anos, fizemos cerca de 10.500 teleconsultas registadas, o que dá uma média superior a 1.000 por ano, que resulta, na prática, na região Centro, de 5.000 a 6.000 fibrinólises (processo fisiológico que promove a dissolução de coágulos sanguíneos), que é o tratamento que pode ser feito em todos os hospitais da rede”, salientou hoje o coordenador regional, Gustavo Santo.
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Criada a 01 de agosto de 2015, esta rede regional assegura um serviço 24 horas por dia, integrando todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) da região Centro – Coimbra, Figueira da Foz, Leiria, Aveiro, Viseu, Guarda, Covilhã e Castelo Branco, que têm capacidade para efetuar o diagnóstico e tratamento inicial.
Na altura, a sua criação resultou da colaboração entre a extinta Administração Regional de Saúde do Centro, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e a equipa da Unidade de AVC dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC).
Utilizando a telemedicina, a rede desenvolveu um serviço permanente de 24 horas que permite, a partir da ULS de Coimbra, a interpretação rápida da imagem cerebral e o apoio imediato na decisão clínica, facilitando a identificação e transferência dos doentes que necessitam de intervenção endovascular.
Os casos mais graves são tratados nos HUC, polo principal da ULS de Coimbra, que é o único da rede a assegurar a realização de trombectomias mecânicas (procedimento endovascular para desobstrução de trombos nos grandes vasos sanguíneos).
Nestes 10 anos de atividade da unidade, foram realizadas entre 2.000 e 2.500 trombectomias mecânicas.
“Nesta rede, há ganhos adicionais decorrente do facto de podermos dar apoio em tempo muito rápido aos nossos colegas que estão em cada um dos outros sete hospitais da região Centro e que têm capacidade de fazer um dos tratamentos e poder ajudar na melhor decisão clínica em tempo útil, que num AVC é muito importante”, sublinhou Gustavo Santo.
Segundo o especialista, esta articulação tem ganhos em saúde “relevantes, no sentido em que aumenta a probabilidade do doente ter um desfecho funcional favorável”.
De acordo com João Sargento Freitas, coordenador da unidade de AVC da ULS Coimbra, com o modelo criado nesta rede “mais de 50% dos doentes ficam independentes, sem sequelas relevantes, e dos doentes que estavam a trabalhar também mais de 50% conseguem voltar ao trabalho, o que tem um impacto enorme na sociedade”.
“Os dados epidemiológicos do AVC apontam nos últimos anos para uma ligeira tendência decrescente, apesar de continuar a ser a principal causa de morte em Portugal, e uma ligeira tendência crescente na idade jovem”, adiantou.
Egídio Machado, coordenador da neurorradiologia de intervenção da ULS de Coimbra, destacou o trabalho de equipa da rede e o seu elevado grau de formação, garantindo que o doente chegue à sala de intervenção em tempo útil.
Segundo a ULS Coimbra, a região Centro destaca-se nacionalmente pelos melhores indicadores em fibrinólise e trombectomia, sendo a única rede nacional reconhecida oficialmente pela “European Stroke Organization”.
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