Política
Ventura defende que “é muito mais fácil transformar país” ganhando Belém do que legislativas
O candidato presidencial e líder do Chega defendeu hoje que “é muito mais fácil transformar o país” ganhando eleições presidenciais do que legislativas, manifestando-se convicto de que os restantes partidos se iam juntar contra um Governo liderado por si.
“Não vale de nada ganharmos uma eleição legislativa se os nossos adversários, sobretudo na Presidência da República, dizem que nunca darão posse a um Governo do Chega. Nós temos candidatos que dizem que o Chega até pode ganhar umas eleições, mas nunca darão posse a um governo do Chega. E nós ficamos dependentes da conjuntura maioritária no parlamento”, alertou André Ventura.
O candidato às eleições presidenciais falava no evento “Encontros com candidatos a Presidente da República”, na Universidade Lusíada, em Lisboa, altura em que foi questionado por um aluno sobre o que tinha a dizer a eleitores do seu partido que o ambicionam ver como primeiro-ministro e não como Presidente da República.
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Ventura confessou que “várias pessoas” lhe têm dito isso, mas realçou que “o que as pessoas têm que compreender” é que para “mudar o país” isso tem que ser feito “da forma mais legítima e clara possível”.
“Em Portugal, a forma mais legítima e clara são as eleições presidenciais. Se eu ganhar as eleições presidenciais só Deus é que me pode impedir de ser Presidente da República e ninguém mais. Nas legislativas não é assim”, apontou, dando como exemplo a “geringonça”.
André Ventura sustentou o seu ponto deixando uma questão: “Alguém duvida que se eu ganhar as eleições legislativas os outros se vão juntar todos, mas mesmo todos, de esquerda, direita e de centro, para impedir que o Chega governe? Ninguém”.
O candidato considerou que está em causa “uma espécie de fraude ao sistema”, mas que é permitido do ponto de vista legislativo.
“É muito mais fácil transformar o país através desta via do que nas legislativas”, sustentou.
Em declarações aos jornalistas, Ventura voltou a rejeitar que o Presidente da República seja apenas “uma jarra de enfeitar” de defendeu que deve ser “um agente interventivo”.
Interrogado sobre se tenciona ser interventivo respeitando a lei atual, Ventura respondeu que sim, salientando que tenciona respeitar a Constituição, apesar de considerar que é preciso alterá-la.
Durante a sessão com os alunos, num auditório completamente lotado, André Ventura já tinha sido questionado sobre o que significa na prática a “quarta República” que defende, com o líder do Chega a considerar que o país tem uma Lei Fundamental “ultrapassada” e a criticar, por exemplo, que o Procurador-Geral da República seja nomeado pelo chefe de Estado após uma proposta do Governo.
Ventura também criticou a nomeação por parte da Assembleia da República de juízes para o Tribunal Constitucional.
“O que é a quarta República? É acabar com isto. É tornar uma República transparente e tornar os processos de nomeação judicial, administrativa, menos políticos e menos politizados”, afirmou.
Para atingir este objetivo, o candidato defendeu uma revisão constitucional que, “num certo sentido”, significaria “uma transição constitucional”.
O deputado voltou a manifestar-se a favor da prisão perpétua, pena considerada inconstitucional em Portugal, e, questionado sobre a sua primeira medida caso seja eleito, respondeu que quer “garantir que o país tem uma lei de estrangeiros e nacionalidade” novas em vigor.
Ventura defendeu que Portugal deve ter “preferência pelo tipo de imigração” que quer, mesmo que os imigrantes estejam legalmente no país, considerando que “gostava de ter um tipo de imigração que se adaptasse mais facilmente à matriz cultural” portuguesa.
Num cenário de chumbo do Orçamento do Estado, o líder do Chega rejeitou que um Presidente da República tenha que obrigatoriamente dissolver o parlamento, podendo optar por perceber se existe espaço para uma negociação, mas rejeitou que o chefe de Estado defenda a estabilidade “a todo o custo”.
Na ótica do candidato a Belém, se algum membro do Governo estiver sob “suspeitas graves, sérias e não há uma explicação para elas” não deve continuar no executivo.
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