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Ventania leva votos da AAC?

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 11-12-2013
Os candidatos da Lista A (da esquerda para a direita: Rui Vais (Assembleia Magna) Samuel Vilela (Direcção Geral) e Aylton Rita (Conselho Fiscal).

Os candidatos da Lista A (da esquerda para a direita: Rui Vais (Assembleia Magna) Samuel Vilela (Direcção Geral) e Aylton Rita (Conselho Fiscal).

Coimbra, 11-12-13. 12:30 – Vento fraco. Tempo frio para Notícias de Coimbra assistir à “Conferência de Imprensa sobre eventual fraude eleitoral na AAC” convocada pela Lista A, a que ganhou a 1ª volta e perdeu a 2ª.

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O encontro é no edifício da Cantina dos Grelhados, numa sala onde se encontram várias máquinas de lavar, que, a julgar pelo pó, estão a precisar de uma limpeza.

A Lista A faz-se representar por Samuel Vilela (Direcção Geral), Rui Vais (Assembleia Magna) e Aylton Rita (Conselho Fiscal). Na assistência estão duas dezenas de estudantes. As cadeiras são brancas. A mesa está forrada a negro.

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Samuel Vieira pede “a  recontagem da urna 17, correspondente à mesa de voto da Faculdade de Medicina Pólo III, assim como a recontagem de todos os boletins de voto sobrantes”.

No quer toca à mesa 17, a Lista A desconfia do resultado obrtido. Embora diga que não querer “lançar uma falsa acusação sobre o elemento da Comissão Eleitoral em causa, nem tirar ilações e alimentar teorias sobre o que realmente possa ter acontecido, se de facto aconteceu”, Samuel Vilela afirma que apuraram que “a urna em causa não se encontrava lacrada  da mesma forma”, acrescentando que a forma como a urna tinha sido fechada na noite anterior não correspondia à forma como se encontrava na manhã seguinte”.

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Na urna em causa, a 17, na primeira volta votaram 463 estudantes. A lista A obteve 183 votos e a Lista T 226. (Uma diferença de 43 votos) Na segunda ronda votaram mais pessoas: 501. A Lista T conseguiu 374 votos e a  Lista A apenas 94. Uma variação de 280 votos. mas é mais do que certo que um perdeu metade dos votos e  o outro conseguiu dobrar o numero dos mesmos. Resumindo: De uma semana para a outra, Samuel perdeu metade dos votos e Bruno conseguiu dobrar o numero dos mesmos.

A lista A adianta que teve “conhecimento que na deslocação da sala de estudo da AAC para a Faculdade de Medicina, Pólo III, na terça-feira de manhã, a urna não foi acompanhada por delegados das Listas A e T, tendo  sido levada apenas pelo delegado do Presidente da Comissão Eleitoral destacado para aquela mesa de voto”.

Notícias de Coimbra sabe que o delegado em causa é Hugo Rodrigues, em representação de Rui Brandão (Administrador da AAC), o Presidente da Comissão Eleitoral, que, segundo fontes da AAC é alinhado com Bruno Matias  (o candidato declarado vencedor) e André Gomes (Secretário-geral da Queima das Fitas). Hugo, que até prova em contrário é inocente,  é um veterano da academia, que, tal como Samuel Vilela, ligado à JSD, tendo sido deputado Municipal na Assembleia Municipal de Coimbra em representação da anterior maioria liderada pelo PSD, de quem estamos a procurar obter a sua versão dos acontecimentos.

As desconfianças da lista de Samuel Vilela abarcam também o alegado desaparecimento de boletins, afirmando mesmo que desapareceram 181 boletins. A Notícias de Coimbra chegaram várias denuncias anónimas insinuando que existem muitas cumplicidade entre quem manda e quem faz no seio da academia, personalizando várias acusações em relação a  diversos dirigentes e fornecedores da AAC, às quais só podemos dar crédito se forem confirmadas por quem de direito. A Comissão Eleitoral já reconheceu que não existiam condições de segurança para guardar os boletins de voto e terá prometido investigar o desaparecimento dos boletins.

Embora a Lista A se tenha mostrado bastante reservada em especificar quem é quem nesta “eventual fraude eleitoral na AAC”, Aylton Rita, respondendo a uma questão colocada por um jornalista,  acusou os responsáveis pelo acto eleitoral de serem parciais.

Numa declaração lida durante a conferência de imprensa, Samuel Vilela afirma que a Lista A irá “apresentar denúncia ao Conselho Fiscal e, caso este não reúna as condições necessárias para apreciar o processo iremos recorrer ao poder judicial”., pedindo para que seja apurado se “existem motivos para repetir ou não acto eleitoral, total ou parcialmente, face a todos os indícios apresentados”.

Em actualização

LEIA NA INTEGRA A DECLARAÇÃO DE SAMUEL VILELA:

Senhores jornalistas,
Caros colegas,
Em primeiro lugar, ainda no rescaldo das eleições para os corpos gerentes da Associação Académica de Coimbra (AAC), quero parabenizar todos os membros da lista vencedora, a lista T, encabeçada pelo Bruno Matias, e reiterar que reúnem todas as condições para realizar um bom mandato à frente desta Academia.
A decisão de vos convocar para esta conferência de imprensa não foi tomada com leviandade e é reflexo da decisão unânime do grande grupo de pessoas que construiu e acreditou até ao último segundo na Lista A, encabeçada por mim, pelo Rui Vais à minha direita para a Mesa da Assembleia Magna e pelo Aylton Rita à minha esquerda para o Conselho Fiscal. Antes de anunciar a questão que nos trouxe aqui, gostaria ainda de alertar para o facto de que em momento algum pretendemos suscitar más interpretações e, em nenhuma das nossas palavras, estará em causa o trabalho, as ideias e as pessoas da lista T.
As pessoas que constituem e que acreditaram e votaram na Lista A estão tranquilas com a decisão dos estudantes e todos juntos aceitámos a derrota nestas eleições. Aceitámo-lo no dia e parabenizámos a Lista T e o seu líder Bruno Matias por terem sido depositários da confiança de milhares de estudantes. Quero reforçar que não duvidamos do trabalho, empenho e dedicação de todos aqueles que integraram a Lista T, nem pretendemos lançar qualquer tipo de suspeitas sobre a sua conduta ao longo deste ato eleitoral.
Convocámos esta conferência de imprensa porque, desde a 1ª volta que temos levantado questões junto da Comissão Eleitoral, relativamente à regularidade e legalidade de algumas das listas apresentadas à eleição para o Conselho Fiscal da AAC, nomeadamente da Lista D – Descobre Mais, que não se apresentou dentro do prazo regulamentado para a entrega de listas com o número de suplentes legalmente estabelecidos para uma eleição pelo método de hondt. Depois da noite do escrutínio da 2ª volta, voltámos a questionar a Comissão Eleitoral na sequência da nossa tentativa de interpretação do resultado obtido pela Lista A numa urna em concreto: a urna 17, referente aos 1º, 2º e 3º anos e estudos pós-graduados do curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
O ato eleitoral para os corpos gerentes da AAC foi distribuído por 24 urnas de voto, das quais três correspondem à Faculdade de Medicina: a já referida urna 17, a urna 18, referente aos 4º, 5º e 6º anos do curso de Medicina e a urna 19, referente ao curso de Medicina Dentária.
Na primeira volta destas eleições, realizada nos dias 25 e 26 de novembro, 858 estudantes da Faculdade de Medicina participaram no ato eleitoral, dos quais 463 votaram na urna 17. A Lista A obteve 183 votos e a Lista T 226, distribuindo-se os restantes pelas outras 2 listas concorrentes, brancos e nulos. A diferença entre a Lista A e a Lista T foi de 43 votos.
Na segunda volta, realizada nos dias 2 e 3 de dezembro, 907 estudantes desta faculdade participaram no ato eleitoral, sendo que 501 votaram na urna 17 – apenas 38 a mais que na 1ª volta. A Lista A obteve 94 votos e a Lista T 374, distribuindo-se os restantes, em número idêntico ao da 1ª volta, entre votos brancos e nulos. A diferença entre a Lista A e a Lista T foi de 280 votos, mais 237 que na 1ª volta.
As outras duas urnas da Faculdade de Medicina, urna 18 e urna 19, apresentaram um resultado idêntico ao da 1ª volta, quer no número de votantes, quer no número de votos em cada lista, na diferença entre ambas e no número de brancos e nulos. Observámos a
globalidade do ato eleitoral e os resultados obtidos pela Lista A em cada urna, comparativamente com a 1ª volta, variaram entre os menos 5% e os mais 6%. Os resultados obtidos pela Lista T entre os 0 e os 8%, à exceção da Faculdade de Letras, onde a variação atingiu os 13%, o que aliás já era espectável atendendo à grande dispersão de votos por outras listas na 1ª volta. De ressalvar que, mesmo nesta Faculdade, a Lista A também aumentou em 4% o número de votos.
A urna 17, que nos motivou esta pronúncia, apresenta uma variação de menos 21% para a Lista A e de mais 26% para a Lista T, o que denota uma clara diminuição do número de votos para uma Lista e aumento para a outra, evidenciando-se assim, uma clara e anómala transferência do sentido de voto de uma lista para outra. Em números absolutos, a Lista A perdeu 89 votos, ao passo que a Lista T ganhou 148 – todos os que a Lista A perde e todos os que correspondem ao aumento de votantes de uma volta para a outra.
Procurámos ao longo dos últimos dias compreender se existiria alguma explicação para o fenómeno e não encontrámos nenhuma evidência que consubstanciasse uma repentina mudança de opinião e, consequentemente, do sentido de voto dos estudantes do 1º, 2º e 3º ano do curso de Medicina. Aliás, a ser um fenómeno de Faculdade, ou do Curso de Medicina, muito estranhámos que a mesma situação não se tivesse replicado também nas outras 2 urnas, sobretudo na referente aos 4º, 5º e 6º anos do mesmo curso.
Tem sido sistematicamente apresentado como um possível fator que poderá ter influenciado uma eventual mudança no sentido de voto dos estudantes de medicina da 1ª para a 2ª volta, o facto da Presidente do Núcleo de Estudantes de Medicina ter publicado numa rede social uma mensagem de apoio a um elemento do seu núcleo que integrou a Lista A enquanto candidato a Vice-presidente da Mesa da Assembleia Magna e que essa publicação terá gerado um movimento de indignação espontânea. No nosso entender, essa publicação poderia gerar implicações tanto positivas como negativas e até ter conduzido à mudança da intenção de voto de alguns estudantes, no entanto nunca na ordem dos valores que se assistiu. A este propósito apresenta-se também como relevante referir que a publicação em causa não causou qualquer variação do sentido de voto dos estudantes do 4º, 5º e 6º ano do curso de Medicina, eleitores na urna n.º 18.
Surpreendeu-nos também, que desde o dia seguinte ao escrutínio, fossem muitos os estudantes da Faculdade de Medicina que também não compreendiam a mudança súbita do resultado de uma volta para a outra. Aliás, até ao dia de hoje, mais de uma centena de estudantes eleitores da urna em causa, já declararam voluntariamente por escrito o seu sentido de voto, quando o escrutínio da urna indica que a Lista A apenas obteve 94 votos. Temos neste momento em nossa posse cerca de 120 declarações de voto de estudantes que votaram naquela urna na lista A, nos passados dias 2 e 3 de dezembro e sabemos que ainda se encontram a ser recolhidas mais.
Neste sentido, procurámos apurar junto da Comissão Eleitoral e dos delegados responsáveis pela urna 17 se algo de anómalo teria acontecido. No dia 4 de dezembro contactámos o Presidente da Comissão Eleitoral, Rui Brandão, a quem agradecemos a disponibilidade imediata em reunir a Comissão Eleitoral e solicitámos a realização de alguns procedimentos formais: recontámos a urna 17, contámos os boletins sobrantes de recargas não utilizadas, conferimos as atas de encerramento das urnas e solicitámos alguma documentação relevante, nomeadamente a requisição do número de urnas e um comprovativo do número total de boletins de voto entregues à Comissão Eleitoral.
Cumpridos estes procedimentos, não apurámos nada de relevante. Porém, quando questionámos dois dos elementos que secretariaram a mesa de voto da urna 17, no turno da noite de segunda-feira (realizado na sala de estudo da AAC) e no turno da manhã de terça-feira (realizado na Faculdade de Medicina, Pólo III), apurámos que a urna em causa não se encontrava lacrada da mesma forma. A forma como a urna tinha sido fechada na noite anterior não correspondia à forma como se encontrava na manhã seguinte. Tomámos também conhecimento que na deslocação da sala de estudo da AAC para a Faculdade de Medicina, Pólo III, na terça-feira de manhã, a urna não foi acompanhada por delegados das Listas A e T, tendo sido levada apenas pelo delegado do Presidente da Comissão Eleitoral destacado para aquela mesa de voto.
Na passada segunda-feira, dia 9, solicitámos à Comissão Eleitoral, na pessoa do seu Presidente, a quem reiteramos o nosso agradecimento pela pronta disponibilidade, que fossem recontados também os boletins de voto sobrantes de recargas utilizadas. Foi nesse momento detetado o extravio de 141 boletins de voto, tendo sido lavrada a ata onde ficou inscrita essa mesma ocorrência.
Posteriormente, foi afixado um edital por parte da Comissão Eleitoral a atestar a regularidade do processo eleitoral e onde é referido que o local onde foram guardadas as urnas, votos por envelope ainda por escrutinar e boletins de voto sobrantes não reunia condições de segurança e que se encontram a ser realizados todos os esforços por parte da Comissão Eleitoral para que seja apurada a causa do desaparecimento dos boletins. Encontrando-se ainda a decorrer o período eleitoral, dado que serão hoje escrutinados às 19h os votos por envelope, a Lista A lamenta que durante este período não tenham sido asseguradas as condições de segurança necessárias, isto porque de acordo com o Regulamento Eleitoral o período de pedidos de impugnação apenas se inicia após encerrado o período de escrutínio.
Estes são alguns dos factos que fomentaram a desconfiança que tínhamos formulado relativamente ao resultado obtido na urna 17. Não pretendemos com nenhum dos dados que avançámos lançar uma falsa acusação sobre o elemento da Comissão Eleitoral em causa, nem tirar ilações e alimentar teorias sobre o que realmente possa ter acontecido, se de facto aconteceu. Apenas concluímos que devíamos tornar pública uma situação que permanece inexplicável, cabendo às instâncias regulamentares investigar e apurar se existem motivos para repetir ou não o ato eleitoral, total ou parcialmente, face a todos os indícios apresentados.
Assim que iniciado o período de pedidos de impugnação, conforme previsto em Regulamento Eleitoral, faremos chegar por escrito à Comissão Eleitoral a nossa fundamentação. Caso os argumentos e factos por nós apresentados não sejam tidos em devida consideração iremos apresentar denúncia no Conselho Fiscal e, caso este não reúna as condições necessárias para apreciar o processo iremos recorrer ao poder judicial.
Como referi no início, esta não foi uma decisão tomada com leviandade, recolheu a unanimidade de todos os elementos da Lista A e se a tomámos foi porque estamos conscientes da responsabilidade que todos nós devemos ter em assegurar a maior transparência na Associação Académica de Coimbra, uma instituição digna de si própria, estandarte da nossa democracia e onde os resultados eleitorais devem corresponder ao verdadeiro sentido de voto dos estudantes.
Samuel Vilela, candidato a Presidente da DG/AAC pela Lista A

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