Opinião

“Vão-se embora, não venham atrás de mim pelo país todo”

Opinião | Amadeu Araújo | Amadeu Araújo | 12 horas atrás em 11-05-2025

Há algo de muito reles nesta Europa das nações que já se ouve neste Portugal em busca desse turnover. 

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Quando somos controlados numa fronteira terrestre como criminosos, ou numa fronteira aérea como terroristas, isto não está bem. O controlo é na fronteira externa, não na interna – aqui tem de ser aleatório e já é assunto nosso.

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Quando um canivete multifunções ameaça mais que a atualização do telemóvel que passa a ir direto às nossas viagens e bilhetes, ou quando, sem nos avisarem, nos recolhem dados biométricos, estamos muito mal.

Pior ainda quando fazemos gáudio em servir vinho sul-africano num avião europeu em voo doméstico, ou quando trocamos o Airbus pelo Boeing, não percebemos o que é a Europa. Nem este desconserto do mundo, progressista e implacável.

E falo de cabeça fresca, após uma jornada por três países, quatro voos e 600 quilómetros para atravessar a Hungria, cujo fel contamina já a Roménia, Eslovénia e Roménia.

Com pena minha, desde que Eduardo Lourenço nos deixou, não vejo ninguém inquieto com simples preocupações.

Nunca pensei ver isto, e já andei em sítios beras. Pagas em euros, recebes o troco em florins. Os russos e chineses que temos por cá, nesta Europa; as placas de informativas no Aeroporto de Budapeste têm três línguas, o magiar, o inglês e o…chinês.

Temos de resistir e olho ao povo cigano.  Se me insultas estarei aqui, silencioso e em operação clandestina, a acompanhar a tua campanha. Não gostas? Lá temos a polícia na campanha, fardada e à paisana, mas a comunidade cigana mantém-se firme, na espera de quem procura incentivar o levantamento.

“Não têm mais nada para fazer do que vir para aqui a toda a hora? Não têm trabalho para fazer?”. Isto, escutado lá de fora, assemelha-se muito ao que vamos vendo.

Fiquei doente com a Croácia, bandeiras por toda a parte; com a passagem da fronteira na Hungria, onde está o regresso das botas cardadas montado.

E, no entanto, vejo como a coesão territorial ainda nos falha. Por isso escutei o autarca de Mangualde: “hoje, mais do que nunca, os municípios não podem isolar-se. Pensar em rede, agir em conjunto e de potenciar sinergias”. Creio, ter ouvido essa “inteligência estratégica, onde cada freguesia, cada empresa e cada cidadão são parte ativa desta construção”. Isto sim é a Europa, todavia, nunca estivemos tão perto de deixar de o ser.

Sintomático, a judicialização e as suas consequências, só precisamos, agora, de um Governo que passe no teste do Parlamento, pede o causador da balburdia.

Conseguiremos, algum dia, fazer melhor que isto?

Trocar as rebarbadoras, eles chamam-lhes motosserras, pelo chilrear da passarada?

OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO -JORNALISTA

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