Milhares de pessoas são esperadas no sábado na pequena aldeia de Cidões, concelho de Vinhais, para comemorar a tradição celta da Cabra e do Canhoto, disse hoje à Lusa a Associação Raízes d’aldeia de Cidões.
“A aldeia tem pouco mais de 15 habitantes a viver permanentemente, mas neste dia transforma-se completamente. Esperamos acima de três mil pessoas”, frisou Maria João Rodrigues, membro da associação, a entidade organizadora.
A Festa da Cabra e do Canhoto simboliza o início das festividades de inverno e consiste numa representação teatral, que começa no “cimo da localidade” com um cortejo, feito pelos moradores, vestidos de celta, as suas deusas (da terra, do sol e das trevas) e ainda um druida, que é o ancião da cultura celta.
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A festividade começa ao pôr do sol, que é quando surge a lua e noite, simbolizando a “estação escura”.
Um dos pontos altos é o acender da fogueira, onde é depois queimado um grande boneco – “o cabrão”, marido da cabra que representa o “mal”.
“É puxado pelas raparigas e pelas senhoras da comunidade, porque ele representa a masculinidade. Queima-se para não haver possibilidade de ele se reproduzir”, explicou Maria João Rodrigues.
Há ainda outro elemento que chama a atenção do público, o diabo, que é puxado num carro de bois, por rapazes, causando a desordem na aldeia.
Além da celebração da tradição, a festividade serve também de confraternização, uma vez que os visitantes podem degustar a cabra machorra, uma cabra infértil.
“Todos temos de comer da cabra para renovarmos as energias para o resto do ano e interiorizarmos que, ao estarmos a comer a cabra, estamos a aniquilar o mal”, refere.
Há também feijoada de cogumelos, bifanas, linguiças, alheiras, sopa à Cidões e caldo verde.
A Associação Raízes d’aldeia de Cidões garante que apesar do mau tempo previsto para a região, nesta noite de festa “nunca chove” em Cidões, porque é “uma terra abençoada”.
E já diz o ditado: “Quem da Cabra comer e ao Canhoto se aquecer, um ano de muita sorte irá ter!”.
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