Economia

Uso de IA nos media em Portugal é centrada na pesquisa e transcrição

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 hora atrás em 15-12-2025

Imagem: depositphotos.com

O uso de inteligência artificial (IA) nos media em Portugal é maioritariamente operacional e não intensiva, revela o Livro Branco sobre IA no Jornalismo, que aponta que é centrada na pesquisa e recolha de informação e transcrição.

O Livro Branco sobre a Inteligência Artificial no Jornalismo, que é hoje apresentado em Lisboa, é financiando pelo European Media and Information, sob a gestão da Fundação Calos Gulbenkian e coordenado pela Nova FCSH.

“A utilização de IA no jornalismo português é maioritariamente operacional e não intensiva, centrada em tarefas como pesquisa e recolha de informação (56,1%), tradução automática (41%) e transcrição (40%)”, lê-se no Livro Branco, que faz 10 recomendações estratégicas.

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O padrão do uso de IA nas redações “é predominantemente ocasional (28,1%) ou raro (25,4%), com apenas uma minoria a reportar uso diário (11,2%)”, refere o documento, salientando que que os media ‘online’ concentram a maior regularidade de uso da tecnologia, com mais de metade dos jornalistas (57,6%) a afirmarem o uso diário e mais de um quinto (22,2%) o uso frequente.

Tal contrasta com a televisão, “que apresenta os níveis mais baixos” de uso de IA, em que 18% diz nunca usar IA e 15% a usar “apenas raramente”.

Segundo o Livro Branco sobre a Inteligência Artificial no Jornalismo, “identificaram-se três perfis de uso”: inexistente, pontual/individualizado (maioritário) e regular/orientado, com este último concentrado em grupos de media de maior dimensão.

“Emerge o ‘paradoxo da eficiência’: a IA encurta tempos em tarefas mecânicas, mas parte da poupança é absorvida por aprendizagem e validação. A qualidade só melhora quando o tempo libertado é reinvestido em edição, definição de ângulos e contextualização, situação que requer a medição de poupanças por tarefa e uma governação editorial robusta”, lê-se no documento.

Outro dos destaques é a ambivalência da da IA: acelera a produção de desinformação através de media sintéticos e apoia a verificação através da triagem, análise de metadados e mecanismos de proveniência.

“Verificar é estruturalmente mais custoso do que gerar conteúdos falsos, pressionando rotinas de apuração e aumentando riscos reputacionais na ausência de validação formal”, aponta o Livro Branco, referindo que “no contexto português, 64,4% dos/das profissionais afirmam que a IA terá impacto negativo ou muito negativo na disseminação de desinformação”, com a imprensa a concentrar as avaliações mais negativas (50,5%)”.

As redações tentam “mitigar estes riscos através de triagem forense, contenção autoral — que proíbe a geração automática de conteúdos — e rotulagem de materiais assistidos ou gerados por IA”, mas “ainda assim, os incidentes reputacionais tornam-se particularmente prováveis quando existem fragilidades ou indefinições na cadeia de revisão editorial, como evidenciam os casos SAPO24 e “Pulsómetro”/CNN Portugal, em 2024”.

No que diz respeito à ética, deontologia e responsabilidade editorial, “persistem lacunas generalizadas em dimensões fundamentais de governação”, em que que mais de três quartos (80,4%) dos jornalistas “atestam a inexistência de cláusulas contratuais sobre IA, 64% reportam inexistência de código de conduta, 65,8% assinalam ausência de comissões de supervisão” e “67,5% documentam inexistência de formação obrigatória em IA”.

Quase dois terços (63,4%) dizem “não existir protocolo de validação pré-publicação e apenas 15% reconhecem políticas claras de responsabilização por erros”.

Estas fragilidades são “particularmente acentuadas em meios locais e regionais”.

O estudo foi coordenado pela Universidade NOVA de Lisboa e contou com a colaboração da Universidade do Minho, da Universidade Católica Portuguesa, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, da Universidade Europeia, da Universidade da Beira Interior, da Universidade de Coimbra, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

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