Coimbra
“Urinam, andam nus e ameaçam com catanas”: Comerciantes denunciam terror na Baixa de Coimbra

Imagem: DR
Mais de uma dezena de comerciantes reuniu na segunda-feira com a Câmara de Coimbra para denunciar “ambiente intimidante” que tem afastado clientes da rua Adelino Veiga, na Baixa de Coimbra, intervencionada recentemente pelo município.
A partir da hora de almoço até à noite, junta-se um grupo de pessoas a meio da rua Adelino Veiga, no Largo do Paço do Conde, que tem gerado um ambiente intimidante naquela via da Baixinha de Coimbra, com vários comerciantes a falar à agência Lusa de consumo e tráfico de droga a céu aberto, distúrbios e agressões entre aqueles que ali se aglomeram, entre outras questões que têm levado a uma redução substancial dos clientes e transeuntes.
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A situação levou à convocação de uma reunião na Câmara de Coimbra, pedida pela Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC), que juntou mais de uma dezena de comerciantes, alguns proprietários, bem como a PSP e elementos de diferentes pelouros do município.
Em declarações à agência Lusa a presidente da APBC, Assunção Ataíde, afirmou que a situação atingiu “limites inaceitáveis”, defendendo uma ação concertada.
“Eles defecam, urinam, andam desnudados, insultam as pessoas a partir de uma determinada hora”, disse, referindo que o ambiente começou a ser sentido depois de abrir uma loja que vende álcool barato naquela rua.
Segundo Assunção Ataíde, a PSP, que esteve na reunião, referiu que o crime reportado naquela rua até diminuiu face a 2024, vincando que não há histórias de agressões ou roubos a transeuntes, mas cria-se “um aparato e um ambiente que assusta as pessoas e voltam para trás”.
Para a responsável da APBC, uma das questões passa por uma maior ocupação dos espaços comerciais e atrair gente para a Baixa, considerando que é necessário insistir com “os donos dos edifícios, que há imensos fechados e sem atividade”.
Em maio, a Câmara de Coimbra inaugurou uma intervenção que ilumina toda aquela rua com centenas de cartolas coloridas suspensas, num investimento de 70 mil euros, que tem motivado a atenção de turistas e transeuntes.
No entanto, quer Assunção Ataíde quer comerciantes contactados pela Lusa afirmam que os turistas tiram fotografias às cartolas no início da rua, andam um bocadinho, e depois dão a volta para trás, quando se apercebem do ambiente gerado à volta do Largo do Paço do Conde.
Para a presidente da APBC, o problema é complexo e de difícil resolução, sendo necessário um “trabalho em conjunto”.
De acordo com Assunção Ataíde, a situação tem levado a uma redução da faturação no comércio da rua.
Um comerciante que falou à agência Lusa e que optou por não dar o nome fala de uma quebra de faturação abrupta, passando de cinco a dez clientes por dia para ter o mesmo número por semana.
Segundo o mesmo proprietário, há situações de agressões entre eles e vê, “pelo menos uma vez por semana, um sujeito com uma catana, a circular”.
Também este comerciante não fala em crimes contra transeuntes, antes “um ambiente pesado e intimidante”.
“Tenho quatro pessoas a trabalhar aqui e passa a ser insustentável”, lamentou.
Idalécio Santos, proprietário de um hotel naquela rua, afirma que os clientes se têm queixado do barulho e da sensação de insegurança nas imediações, antevendo uma quebra de faturação no futuro, face aos comentários que começa a receber nas plataformas de reservas.
Também Regina Teixeira, proprietária de uma loja há 14 anos naquela rua, nota uma quebra na faturação e no movimento e lamenta que já esteja “há demasiado tempo” à espera de melhores dias na Adelino Veiga.
Outra lojista que optou por não dar o nome diz que parte do problema estará também em alguns proprietários, com vários edifícios fechados e espaços com rendas demasiado altas.
Os vários comerciantes que falaram com a Lusa defenderam também um patrulhamento mais regular da PSP e uma rua mais limpa e cuidada.
A agência Lusa pediu esclarecimentos à Câmara de Coimbra, mas não recebeu, até o momento, resposta.
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