Cidade
Universidade e Portugal dos Pequenitos mantêm viva a estética do poder de Salazar
O Estado Novo deixou marcas do regime e da estética do poder na arquitetura do país, em pontes, universidades, estádios e monumentos que guardam a memória da época da ditadura, alguns deles ainda hoje muito visitados.
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Em Coimbra existem algumas edificações emblemáticas do Estado Novo, como a parte nova da cidade universitária de Coimbra, e o parque temático Portugal dos Pequenitos,, criado para mostrar aspetos do património português no país e no mundo.
Criada entre 1941 e 1975, a Cidade Universitária de Coimbra é considerada uma das mais significativas intervenções urbanísticas do regime salazarista.
Afirmou-se como uma obra de regime, constituindo, a par dos tribunais, uma das mais expressões relevantes da arquitetura de poder do Estado Novo.
A Ponte 25 de Abril, batizada “Ponte Salazar” quando foi inaugurada, e mudou de nome com a revolução, em 1974, ou o Estádio Nacional do Jamor, que continua a receber todos os anos a final da Taça de Portugal, são muitas as obras arquitetónicas do regime que continuam “vivas”.
Obra marcante do Estado Novo, a Ponte 25 de Abril foi projetada pelo Gabinete de Engenharia de Nova Iorque Steinman, Boynton, Gronquist & London com a intervenção do Gabinete da Ponte sobre o Tejo e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
Mesmo após a construção da segunda passagem sobre o Tejo, a Ponte Vasco da Gama, inaugurada em 1998, que recebe uma média diária de 50 mil veículos por dia, a Ponte 25 de Abril continua a liderar o tráfego automóvel, com cerca de 130 mil veículos por dia.
Os regimes totalitários usaram desde sempre a arquitetura para manifestar o seu poder e mostrar a superioridade do Estado através da construção de edifícios públicos grandiosos, com uma estética da monumentalidade.
Características deste tipo de arquitetura eram as proporções monumentais, o estilo híper-realista, a simulação de movimento, as linhas retas e homogéneas, o enaltecimento do esforço físico, do trabalho braçal e do corpo.
Em todos os países totalitários, como em Portugal nessa época, predominava uma estética do culto do herói e da modelagem do coletivo, com a valorização do desporto como forma de incutir nos jovens a disciplina e fortalecer a identidade nacional.
Exemplo disso é o Estádio Nacional do Jamor, projetado por Miguel Jacobetty Rosa, que continua hoje a ser usado para espetáculos culturais e desportivos, sobretudo a tradicional final da Taça de Portugal, que ali atrai anualmente milhares de adeptos.
Inaugurado a 10 de Junho de 1944 pelo próprio Oliveira Salazar, com capacidade para 37.500 pessoas, o Estádio Nacional ou Estádio de Honra, foi criado para promover a prática do desporto e também como espaço para demonstrações públicas inspiradas nos princípios políticos vigentes.
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