Coimbra

 Universidade de Coimbra fornece bens alimentares a 20 repúblicas

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 02-04-2020

Os Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra (SASUC) estão a fornecer bens alimentares a 20 repúblicas de estudantes cujos residentes se mantêm confinados em casa devido à pandemia da covid-19, informou hoje a instituição.

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Nesta fase da pandemia, “as entregas estão a decorrer com normalidade” a uma média de 20 das 25 repúblicas da cidade que habitualmente já requisitavam produtos alimentares, disse uma fonte da Reitoria da Universidade, questionada pela agência Lusa.

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“São realizadas entregas duas vezes por semana e os bens são entregues à porta dos destinatários”, adiantou, numa resposta escrita, a Divisão de Comunicação da mais antiga universidade portuguesa.

Os SASUC, “em regra (…), fornecem bens alimentares a 25 repúblicas de estudantes”, referiu ainda.

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Esta prática remonta aos anos 80 do século XX, quando o então administrador dos Serviços Sociais, António Luzio Vaz, que foi membro da extinta República do Põe-Ta-Pau, falecido em 2011, decidiu que estas comunidades estudantis passavam a poder adquirir nos armazéns dos SASUC, a preços controlados, os produtos alimentares consumidos nas casas.

A medida visava incentivar as repúblicas a preservarem ancestrais usos e costumes comunitários e, ao mesmo tempo, compensar os “repúblicos” pelo facto de não comerem nas cantinas universitárias, onde o preço das refeições tem uma componente social suportada pelo Estado.

As repúblicas enfrentam a covid-19 como mais um teste à sua capacidade de sobrevivência, com algumas destas comunidades estudantis a cerrarem fileiras na partilha e na reinvenção em tempo de pandemia.

A Lusa ouviu representantes de três repúblicas de Coimbra – Kágados, Boa-Bay-Ela e Galifões – no contexto de uma reportagem divulgada na quarta-feira.

Estas três casas confirmaram que continuam a confecionar diariamente as refeições, como forma de manter o convívio e a partilha durante o confinamento devido à covid-19, beneficiando da entrega à porta dos bens encomendados aos SASUC.

No entanto, Boa-Bay-Ela e Galifões viram-se obrigadas a dispensar as cozinheiras enquanto a pandemia não for debelada.

Já na República dos Kágados, a mais antiga da cidade, fundada em 1933, os residentes continuam a partilhar entre si as tarefas da cozinha, como já faziam há algum tempo.

Nos últimos anos, estas casas comunitárias têm reclamado o reconhecimento e proteção dos poderes públicos, face à aplicação da Lei das Rendas, que já levou ao desaparecimento de algumas.

Há mais de 30 anos, por iniciativa de Luzio Vaz e do então reitor Rui Alarcão, já falecido, o papel das repúblicas na academia passou a ser reconhecido nos Estatutos da Universidade.

Mas também a proposta de classificação do conjunto Universidade de Coimbra, Alta e Sofia como Património da Humanidade, aprovada em 2013 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), reconheceu a importância cultural, histórica e política dessas coletividades.

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