Região

Um olhar sobre a ditadura revela uma imprensa regional geralmente “bem comportada”

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 semanas atrás em 23-04-2024

Imagem: Depositphotos.com

Um olhar sobre a ditadura revela uma imprensa regional geralmente “bem comportada”, na qual pontuaram exemplos excecionais de resistência, como os jornais “Comércio do Funchal”, “Jornal do Fundão” e “Notícias da Amadora”.

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Em geral, a “frágil” imprensa regional foi-se “aguentando ao longo da ditadura, mas sem lhe fazer frente”, observa, em declarações à Lusa, o investigador e professor universitário João Figueira.

“A imprensa local e regional foi, genericamente, um setor bem comportado durante o Estado Novo”, retrata, explicando-o com “a ausência de estruturas empresariais consistentes” e “um excessivo amadorismo”.

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A “irrelevância” dos jornais locais e regionais “enquanto campo de resistência e de combate contra a ditadura” não afasta, porém, alguns “casos emblemáticos de jornais que lutaram contra a corrente”, assinala o professor de Jornalismo na Universidade de Coimbra.

Nessa lista surgem três títulos à cabeça – “Comércio do Funchal”, “Jornal do Fundão” e “Notícias da Amadora” –, que, segundo a Hemeroteca Municipal de Lisboa, eram os jornais regionais mais lidos no país.

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Estes três jornais “criaram-se à volta de ideias”, numa época em que as notícias não contavam e a imprensa “era praticamente só opinião”, recorda João Palmeiro, analista de ‘media’ e produtor cultural.

“O que contava eram as pessoas localmente importantes (médicos, farmacêuticos, advogados, juízes) que escreviam sobre o que se passava localmente”, acrescenta, lembrando que os jornais não tinham correspondentes em Lisboa e “não faziam a mais pequena ideia” do que lá se passava.

“A visão que temos de oposição ao regime, ideológica e política, não encontramos na imprensa regional, o que encontramos muitas vezes é oposição ao poder central, quando tenta fazer coisas que a população local não quer”, distingue, em declarações à Lusa.

Aliás, a imprensa regional “só se metia em assuntos de ordem nacional em duas circunstâncias, se havia visitas ou inaugurações oficiais, de membros do governo, ou nos chamados casos de interesse local”.

João Palmeiro, que durante décadas representou a Associação Portuguesa de Imprensa, a mais representativa associação de editores de jornais e revistas, dá como exemplo a “celeuma” causada nos anos 1950 quando Lisboa decidiu regulamentar as casas de regiões ou municípios.

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