Região
“Um autêntico inferno”: Habitante de Chãs d’Égua relata o pânico vivido ao abandonar tudo durante incêndio

Maria de Lurdes viveu momentos de autêntico terror quando o incêndio que começou no Piódão, no concelho de Arganil, obrigou à evacuação de Chãs d’Égua. Entre lágrimas e incerteza, deixou para trás tudo o que tinha.
“Saí daqui a chorar, entrei em choque, em pânico. Pedi ao nosso padroeiro, São João, que protegesse a nossa casinha, porque não sabíamos o que íamos encontrar quando voltássemos”, relatou, emocionada, ao Notícias de Coimbra.
A sua casa, situada junto à encosta da montanha, estava diretamente na linha do fogo. “Foi a que esteve em maior perigo. Se houvesse uma casa a arder, seria a minha”, afirmou. A evacuação foi ordenada pela GNR. Apesar de alguma resistência inicial, o fumo intenso tornou impossível permanecer.
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“Fiquei com pena de ter saído, mas era insuportável. Não se conseguia respirar. O fumo estava mesmo muito intenso”, descreve.
Depois da evacuação, Maria de Lurdes foi acolhida em Vide, onde recebeu alimentação, e posteriormente passou a noite em São Romão. Ainda assim, conseguiu regressar no mesmo dia. “Quando voltei e vi a minha casa de pé, foi um alívio. Mas o resto… foi tudo”, lamenta.
No regresso a casa, deparou-se com um cenário de devastação. “A estrada estava cheia de pedras. Um autêntico inferno. Foi assustador voltar.”
A paisagem que outrora a encantava está agora reduzida a cinzas. “Estive 20 anos em Viseu, mas era aqui que me sentia em paz. Sempre dizia que isto era um espetáculo, um paraíso. Agora, só dá vontade de chorar.”
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