Crescimento de mulheres grávidas acima dos 35 anos e excesso de peso/obesidade são algumas das questões suscitadas pelo estudo.
A Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra publicou uma análise detalhada da sua população e da prestação de cuidados de saúde na sua área geográfica de influência, que abrange cerca de 4.200 quilómetros quadrados distribuídos por 21 concelhos.
PUBLICIDADE
A região é caracterizada por uma marcada heterogeneidade demográfica e socioeconómica, conta com cerca de 374 mil residentes, concentrando uma parte significativa da população no concelho de Coimbra (38,7 por cento) e registando uma densidade populacional que varia de 10,4 hab./quilómetros quadrados (Pampilhosa da Serra) a 453,4 hab./quilómetros quadrados (Coimbra).
A ULS de Coimbra integra 8 estabelecimentos hospitalares, 26 centros de saúde e 69 unidades funcionais de cuidados de saúde primários, bem como 18 Centros de Referência, 4 Centros de Responsabilidade Integrados e 8 Percursos Clínicos Integrados.
Em termos assistenciais, o ano de 2024 colocou a ULS de Coimbra como a unidade com maior assistencial do país. Apesar dos desenvolvimentos alcançados em 2024 (onde se alcançou a cobertura em todos os concelhos com respostas domiciliárias), persistem desafios significativos, nomeadamente a cobertura deficitária de equipas comunitárias de suporte em cuidados paliativos e cuidados domiciliários.
Neste campo, até ao final deste ano, prevê-se dar continuidade ao aumento das respostas nestas áreas através da criação de mais de 100 vagas em respostas domiciliárias (crescimento superior a 50 por cento).
Os dados demográficos revelam uma população envelhecida (índice de envelhecimento de 255,4, superior à média nacional), com forte impacto em concelhos como Pampilhosa da Serra (634,5).
A esperança média de vida é de 83,2 anos, mas com disparidades regionais acentuadas: desde os 76,9 anos para homens, num dos concelhos, até aos 87,2 anos para mulheres, noutro.
O saldo fisiológico mantém-se negativo (-2271), refletindo uma taxa de natalidade baixa (6,7‰) e um índice sintético de fecundidade de apenas 1,32 — insuficiente para assegurar a substituição geracional.
Preocupa ainda o aumento da proporção de nascimentos em mulheres acima dos 35 anos.
No acesso a cuidados de saúde, embora a população inscrita nos cuidados de saúde primários da ULS de Coimbra seja superior à população residente (cerca de 408 mil utentes), aproximadamente 8,93% não têm médico de família atribuído.
Em 2024, foram realizadas mais de 1,5 milhão de consultas médicas e cerca de 740 mil contactos de enfermagem nos centros de saúde, evidenciando a elevada procura por serviços de proximidade. A este número de consultas médicas acrescem perto de 1 milhão de consultas hospitalares, colocando a ULS Coimbra como a unidade de saúde com maior atividade assistencial.
As principais morbilidades identificadas incluem dislipidemias (18,9%), excesso de peso (14,9%), hipertensão arterial (12,7%), perturbações depressivas (9,3%) e diabetes mellitus não insulino-dependente (5,2%). Entre os determinantes de saúde, destaca-se a prevalência de excesso de peso/obesidade (24,2%), o consumo de tabaco (6,5%) e o consumo crónico de álcool (1,1%).
Estes dados impelem a ULS de Coimbra a definir como prioridades de saúde pública para 2025/2026 o combate à obesidade infantil e à cessação tabágica. Em breve, no âmbito das doenças de notificação obrigatória, registaram-se surtos de tosse convulsa e um aumento de doenças venéreas (sífilis,
gonorreia e infeção por Chlamydia trachomatis).
A taxa bruta de mortalidade (12,78‰) supera a média nacional, com variações significativas entre concelhos, enquanto a mortalidade infantil mantém uma tendência decrescente, inferior à média do continente.
As principais causas de morte continuam a ser as doenças do aparelho circulatório, neoplasias, doenças respiratórias e cerebrovasculares, refletindo o peso crescente das doenças crónicas.
Do ponto de vista socioeconómico, a ULS de Coimbra enfrenta desafios estruturais: a baixa natalidade, o envelhecimento populacional, e as desigualdades no acesso a recursos essenciais como água potável, saneamento básico e transporte público, especialmente nas áreas mais isoladas.
A dispersão geográfica e a ausência de transporte público dificultam o acesso aos serviços de saúde, agravando as desigualdades entre concelhos. Neste contexto, o desenvolvimento de respostas em proximidade como as unidades de feridas complexas, unidades de oftalmologia, equipas comunitárias de saúde mental, unidades de audiologia e reabilitação vestibular, reforço dos equipamentos de raio x e análises clínicas, centros de atendimento clínico e parcerias com o setor social representam ganhos substantivos para a população.
Em linha com o Plano Estratégico 2030 da ULS de Coimbra, este estudo anual, desenvolvido pelo seu Departamento de Saúde Pública, tem como objetivo identificar os principais problemas e necessidades em saúde, e apoiar a definição de estratégias para proteger e elevar o estado de saúde da população.
A ULS Coimbra reafirma o seu compromisso em trabalhar para responder a estes desafios, reforçando a coordenação com as autarquias, a rede social e a sociedade civil, promovendo a equidade no acesso aos cuidados de saúde e melhorando os indicadores de saúde da população.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE