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Trump quer mudar a receita da Coca-Cola

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 4 horas atrás em 17-07-2025

Num momento em que o seu nome está envolvido em controvérsias mais sérias — como a pressão crescente para divulgar os ficheiros ligados a Jeffrey Epstein e a especulação sobre um eventual afastamento do presidente da Reserva Federal —, Donald Trump decidiu falar de… refrigerantes.

O presidente dos Estados Unidos anunciou esta semana, na sua plataforma Truth Social, que a Coca-Cola irá substituir o xarope de milho com alto teor de frutose por açúcar de cana verdadeiro nos produtos vendidos nos EUA, graças à sua intervenção pessoal.

“Tenho falado com a Coca-Cola sobre a utilização de açúcar de cana REAL na Coca-Cola nos Estados Unidos e eles concordaram em fazê-lo”, escreveu Trump. “Será uma boa jogada da parte deles — vocês vão ver. É simplesmente melhor!”

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A Coca-Cola, por sua vez, não confirmou a mudança. Um porta-voz da marca disse apenas que a empresa “aprecia o entusiasmo do presidente” e que detalhes sobre futuras ofertas seriam divulgados brevemente.

Nos Estados Unidos, a Coca-Cola tradicionalmente utiliza xarope de milho de alta frutose, ao contrário de outros países onde o açúcar de cana é o padrão. Para satisfazer a nostalgia de consumidores norte-americanos, a empresa já importa há anos garrafas de Coca-Cola mexicana adoçadas com açúcar de cana. Mas uma reformulação da receita nacional seria algo muito mais significativo — e controverso, pode ler-se na EuroNews.

A possível mudança despertou reações imediatas da Corn Refiners Association, que representa os interesses dos produtores de milho dos EUA.

“Substituir o xarope de milho com alto teor de frutose por açúcar de cana não faz sentido”, disse John Bode, presidente da associação. “Custaria milhares de empregos na indústria alimentar, reduziria o rendimento agrícola e aumentaria as importações de açúcar estrangeiro — tudo sem qualquer benefício nutricional.”

Curiosamente, Trump é conhecido pelo seu consumo obsessivo de Coca-Cola Zero, uma versão que não contém nem açúcar de cana nem xarope de milho, mas sim aspartame. Segundo o New York Times, o presidente bebia cerca de 12 latas por dia durante o seu mandato, e até mandou instalar um botão vermelho na secretária da Sala Oval que servia para chamar um mordomo com uma Coca-Cola Zero numa bandeja de prata.

Apesar disso, a relação de Trump com a marca nem sempre foi harmoniosa. Em 2012, chegou a criticar os refrigerantes dietéticos e afirmou: “A empresa Coca-Cola não está contente comigo — não faz mal, vou continuar a beber esse lixo.”

Mas os laços pareceram estreitar-se recentemente. No início deste ano, Trump recebeu uma garrafa comemorativa de Diet Coke das mãos do CEO da Coca-Cola Company, James Quincey, assinalando o seu segundo mandato. O gesto gerou críticas, especialmente por parte de quem lembrou que, após os acontecimentos de 6 de janeiro de 2021, a Coca-Cola havia condenado publicamente a conduta de Trump e dos seus apoiantes.

A fórmula da Coca-Cola é envolta em mistério desde 1886, mantida num cofre em Atlanta e supostamente conhecida por apenas dois executivos da empresa. Mas o que se sabe é que a versão americana continua longe do que muitos consideram o “sabor verdadeiro” da Coca-Cola — aquele feito com açúcar de cana.

Trump parece querer trazer de volta esse sabor clássico. No entanto, até agora, a única fonte dessa mudança continua a ser ele próprio. A Coca-Cola, pragmática e reservada, parece estar a optar por aguardar o desenvolvimento da polémica antes de confirmar qualquer alteração oficial.

Enquanto isso, o público aguarda por duas respostas: uma da Coca-Cola… e outra sobre os ficheiros Epstein.

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