Assinaturas NDC

Apoie a nossa missão. Assine o Notícias de Coimbra

Mais tarde

Coimbra

Tragédia “Castro” sobre amor de Pedro e Inês estreia-se no Teatro Aveirense

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 29-02-2020

A obra do poeta António Ferreira “Castro”, sobre o amor de Pedro e Inês, é a nova peça do Teatro Nacional São João (TNSJ), que se estreia em 05 de março no Teatro Aveirense.

PUBLICIDADE

Escrita em 1598, a história original passa-se no século XVI e é sobre um amor proibido entre Inês de Castro e o infante D. Pedro, filho do rei Afonso IV, persuadido pelos “seus ministros” a matar a mulher do filho, mas em “Castro” o encenador Nuno Cardoso transporta a ação para a atualidade.

A aparição de uma Inês de Castro com vestido longo e justo em cetim prateado, com saltos altos, enquanto o Coro, interpretado por Maria Leite, escolhe músicas no telemóvel deixando pairar por instantes “Every Breath You Take”, dos The Police, e descobrir um dom Pedro de fato de treino, que gosta de cereais com leite, são alguns indicadores do presente da peça.

PUBLICIDADE

publicidade

A obra, cujos diálogos giram à volta da utopia do amor, chega a 27 de março ao TNSJ para celebrar o Dia Mundial do Teatro, tem 120 minutos de duração e a ação desenrola-se numa casa em forma de maqueta, mas em tamanho real, e onde as personagens deambulam entre o quarto, cozinha, sala, escritório e um jardim com baloiços.

A história dos amores de Pedro e Inês, onde a questão da “utopia do amor é crucial”, expondo o “amor/desejo e o poder como vício e caos” revela a universalidade e contemporaneidade de “Castro”, segundo o comunicado do TNSJ.

PUBLICIDADE

Em entrevista à Lusa, o encenador, Nuno Cardoso, conta que o espectador vai poder assistir a uma tentativa de questionar “o que é o amor”, “a razão de Estado”, “a razão pessoal” e de como todas essas razões têm uma “luta titânica dentro de uma casa, que é a casa portuguesa com certeza”.

Dentro de uma só casa estão sintetizadas, na verdade, três casas: a casa do rei, a casa de Pedro, em Montemor-o-Velho, e a casa de Inês de Castro, em Coimbra.

O espectador tem oportunidade de ver as divisões dispostas como se observasse uma maquete habitável pelo ser humano, e nela consegue descobrir ao mesmo tempo excertos da vida de Afonso IV com os seus ministros, do dom Pedro com o seu conselheiro, e de dona Inês e sua ama de companhia.

A peça “Castro” marca o início das celebrações do centenário do TNSJ, cujo edifício será alvo de obras de reabilitação, e assinala também o início de uma nova era do teatro, que passou a contar com um elenco “quase” residente.

O TNSJ vai fechar para obras de reabilitação a partir de 31 de março de 2021 e a data prevista para os trabalhos terminarem é 31 de outubro de 2021.

Segundo Nuno Cardoso, ter um elenco residente é “simbólico” e é a possibilidade, por exemplo, de um projeto como o de “Castro” ter uma vida de um ano e meio e de os atores poderem encarar o seu trabalho com outra “dignidade, com outra capacidade, com mais tempo para se dedicarem a esse próprio trabalho, porque têm de facto condições de sobrevivência garantidas”.

Em entrevista à Lusa, o ator Rodrigo Santos, de 38 anos, que interpreta a personagem “obstinada” de D. Pedro em “Castro”, conta que fazer parte do elenco do TNSJ é “uma honra” e o “fim da precariedade”.

“Estou grato pela oportunidade de trabalho constante e com condições de trabalho em grupo. Pelo menos durante um ano e meio é o fim da precariedade”, declara.

Maria Leite, que interpreta o Coro revela, por sua vez, que a sua personagem tem a “estética grega de envolvimentos empático”, ora com o público, ora com as demais personagens.

A atriz que também assinou um contrato para pertencer ao elenco do TNSJ considera esta oportunidade como uma “honra”, uma “celebração” e o “tratamento de respeito pela profissão da parte do TNSJ.

“É um ato louvável. O intérprete é uma profissão com a mesma dignidade e direitos que qualquer outra profissão”, declara, referindo que ter um contrato é algo “inédito na sua profissão”.

“Castro” conta ainda com as interpretações de Afonso Santos, Joana Carvalho, João Melo, Mário Santos, Margarida Carvalho e Pedro Frias.

A dramaturgia é assinada por Ricardo Braun e os figurinos são do ‘designer’ de moda português Luís Buchinho.

A cenografia esteve a cargo de F. Ribeiro, o desenho de luz é da autoria de José Álvaro Correia e a sonoplastia é de João Oliveira. O vídeo é de Fernando Costa.

“Castro” vai estar em cena no Porto até dia 19 de abril e o preço dos bilhetes é de 10 euros.

Depois da estreia em Aveiro, “Castro” vai passar pelo Teatro Municipal de Bragança (11 de março), pelo Teatro Municipal de Vila Real (14 de março), e pelo Theatro Circo, em Braga, no dia 20 do mesmo mês.

Related Images:

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com