Coimbra

Trabalhadores da Soporcel manifestaram-se contra novo fundo de pensões

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 24-01-2014

Cerca de 200 trabalhadores da papeleira Soporcel manifestaram-se hoje, pela primeira vez em 30 anos, em frente às instalações fabris situadas em Lavos, Figueira da Foz, contra o novo fundo de pensões da empresa.

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Cerca das 17:00 de hoje, os trabalhadores cumpriram, a pé, um percurso de algumas centenas de metros entre a portaria nascente da empresa e a rotunda que lhe dá acesso, empunhando uma faixa onde se lia “Soporcel/Fundo de Pensões: Os direitos devem ser respeitados”.

Em declarações aos jornalistas, Vítor Abreu, da comissão sindical da Soporcel, admitiu aos jornalistas que desde a instalação da papeleira, em Lavos, em 1984, e durante mais de 20 anos “nunca houve contestação social”, os sindicatos ficavam à porta, “não eram precisos” e a relação dos trabalhadores com a empresa “era de confiança” mútua.

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“ [A Soporcel] sempre apostou nos trabalhadores e nós apostámos nela, tudo corria bem. Mas foi adquirida por outra empresa e tudo mudou”, afirmou.

Sobre o novo fundo de pensões que o grupo Portucel Soporcel quer implementar na papeleira, Vítor Abreu considerou-o um “golpe muito duro” para os trabalhadores.

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De acordo com fonte sindical, o fundo de pensões passa do sistema atual, intitulado de “benefício definido” – a empresa contribui com 8% do salário dos trabalhadores e garante o capital do fundo – para um sistema de “contribuições definidas”, em que a participação da empresa baixa para os 4% (podendo os colaboradores, voluntariamente, contribuírem com a percentagem que quiserem) mas o capital existente no fundo passa a depender das flutuações do mercado e outros aspetos.

“Todos sabem que vão perder dinheiro”, frisou António Moreira, coordenador da União de Sindicatos de Coimbra.

Alegou ainda que, com o novo sistema, a Soporcel “deixa de ser a entidade responsável pela capitalização do fundo de pensões” e que o montante a disponibilizar aos trabalhadores para efeitos de complemento de reforma “pode existir se o mercado [de fundos de investimento] estiver em alta, como até pode ser zero se estiver em baixa”.

A comissão sindical, recentemente criada, vai reunir no dia 31, pelas 18:00, com a administração da papeleira – uma das exigências dos trabalhadores -, mas sem a presença de representantes do SITE Centro Norte, o sindicato afeto à CGTP que tem assessorado o processo e no qual se filiaram, nas últimas semanas, cerca de 300 funcionários da Soporcel.

“[A administração] não quer na reunião ninguém de fora”, frisou António Moreira.

Ainda de acordo com o sindicalista, a reunião pedida ao Instituto de Seguros de Portugal, entidade reguladora dos fundos de pensões, está agendada para 03 de fevereiro, pelas 11:00, em Lisboa.

Hoje, o sindicato requereu igualmente reuniões com as comissões parlamentares do Trabalho e Segurança Social e de Direitos, Liberdades e Garantias.

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