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Mais tarde

“Tem de ser tia! vamos embora, esqueça o resto”

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 20-06-2017

No principal largo de Cabreira, povoação do concelho de Góis, ao meio da manhã de hoje, uma mulher grita para outra, mais velha, que “tem de ser, tia! vamos embora, esqueça o resto”.

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Alguns minutos e muita insistência depois, a idosa percorre, lenta, apoiada numa bengala e amparada pela outra mulher, a curta distância que separa a porta de sua casa do carro no qual a sua sobrinha a leva, de seguida, para fora de Cabreira.

Os cerca de 60 utentes do lar de terceira idade da aldeia também já deixaram Cabreira, transportados por equipas da Cruz Vermelha, da Segurança Social e da Câmara de Góis. Tal como a maior parte dos cerca de outros tantos habitantes de Cabreira.

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Só ficaram os mais novos, alguns homens e jovens e uma ou outra mulher.

Numa sinuosa e estreita rua da povoação, que é, “de longe”, uma das mais populosas de toda a área nascente do concelho de Góis, um homem, à porta de casa, apoiado num par de canadianas, questiona a reportagem da Lusa: “Vocês também acham, de verdade, que devo ir?”.

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Acabou também ele por ir, por deixar Cabreira e seguir para a vila de Góis, local de acolhimento da população desta e outras localidades evacuadas, hoje de manhã, por causa dos incêndios que as ameaçam, sobretudo desde o princípio da tarde.

Em Sandinha, aldeia a cerca de dois quilómetros de Cabreira e, igualmente, da União de Freguesias de Cadafaz e Colmeal, enquanto ajuda a combater as chamas, o presidente da Junta de Góis, Graciano Rodrigues, explica a dificuldade que as pessoas têm em deixar as suas casas.

“E agora há mais um motivo”. Não falta quem, no sábado, ao andar pelas estradas de Pedrógão Grande, a fugir ao fogo, tenha morrido.

Pelas 18:00, sobretudo ao longo da estrada que atravessa Cabreira, as cerca de duas a três dezenas de pessoas que se mantém na aldeia (algumas familiares de residentes em permanência), esperam pelo fogo, que ameaça chegar pelas duas encostas que, ali descem para o rio Ceira.

“Não podemos fazer nada enquanto ele [o fogo] não chegar e vai chegar”

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