Este inverno, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) português enfrenta um desafio acrescido com a chegada de uma nova estirpe de gripe A, a H3N2 Kansas, também conhecida como H3N2 K.
Diferente das variantes predominantes em anos anteriores, esta estirpe apresenta sintomas mais intensos e a vacina deste ano oferece proteção reduzida contra esta mutação específica, o que preocupa especialistas e autoridades de saúde.
A H3N2 Kansas já circula em todos os continentes e representa cerca de um terço das sequências de H3N2 registadas entre maio e novembro, atingindo na Europa metade dos casos analisados. Pertencente ao grupo dos vírus Influenza A, responsáveis por epidemias sazonais, esta variante distingue-se pela rapidez de transmissão e pela intensidade dos sintomas, que se manifestam principalmente nas primeiras 48 horas após o contágio.
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Os sinais de infeção são semelhantes aos da gripe sazonal, mas mais intensos: febre alta súbita, dores musculares, dor de cabeça, fadiga extrema, tosse seca persistente, dor de garganta, congestão nasal e mal-estar generalizado. Em crianças, podem surgir vómitos, diarreia e perda temporária de olfato ou paladar.
Ao contrário da constipação comum, que se desenvolve gradualmente, a H3N2 provoca um início abrupto, deixando muitas pessoas impossibilitadas de realizar atividades normais logo nas primeiras horas.
A evolução da infeção segue um padrão relativamente previsível: nos primeiros três dias surgem febre, dores musculares intensas, dor de cabeça e tosse seca; a febre começa a baixar ao quarto dia, mas a tosse pode intensificar-se; entre o quinto e o sétimo dia, a maioria dos sintomas diminui, embora a tosse persistente possa manter-se por duas a três semanas.
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, alertou que o SNS enfrentará grande pressão com esta nova estirpe: mais internamentos, maior afluência às urgências e aumento do risco de complicações em doentes crónicos. Para responder, as Unidades Locais de Saúde estão a preparar planos de contingência, incluindo reforço de profissionais, abertura de camas adicionais e ativação de meios do INEM.
Os grupos de maior risco incluem pessoas com mais de 65 anos, crianças pequenas, grávidas, indivíduos com doenças crónicas, imunodeprimidos e pessoas com obesidade. A Direção-Geral da Saúde reforça que, mesmo com proteção reduzida contra a estirpe K, a vacinação continua a ser a forma mais eficaz de prevenção, devendo ser realizada nas próximas duas semanas para garantir tempo de proteção, explica o SOL.
Medidas de proteção adicionais incluem lavar as mãos frequentemente, usar máscara em espaços fechados, respeitar etiqueta respiratória, ventilar ambientes, evitar partilhar objetos pessoais, higienizar superfícies regularmente e permanecer em casa ao apresentar sintomas gripais.
O tratamento foca-se no alívio dos sintomas: repouso, hidratação, analgésicos e antipiréticos, gargarejos e inalações de vapor. A automedicação com antibióticos não é recomendada, e antivirais específicos só funcionam nas primeiras 48 horas de sintomas.
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