Região

“Temos de estar à altura das responsabilidades” – Pedro Santana Lopes no discurso que marcou os 190 anos da ACIFF

Notícias de Coimbra | 10 minutos atrás em 21-05-2025

A Associação Comercial e Industrial da Figueira da Foz (ACIFF) assinalou esta terça-feira, 21 de maio, os seus 190 anos de existência com uma cerimónia simbólica nas instalações do Porto da Figueira da Foz.

O local escolhido não foi apenas uma escolha prática, mas carregado de significado, como referiu a presidente da Direção da ACIFF, Vitória Abreu: “Tem para a ACIFF, a realização desta cerimónia neste local, um duplo sentido, histórico e de atualidade.”

A responsável lembrou ainda que todos os signatários da ata de fundação da associação, datada de 1835, estavam ligados à atividade portuária, reforçando a ligação entre a história da ACIFF e o desenvolvimento marítimo da cidade.

PUBLICIDADE

Na sua intervenção, o presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz fez um forte apelo à ação e à responsabilidade coletiva.

Sublinhou que a região vive um momento único, com oportunidades significativas proporcionadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“Temos oportunidades fantásticas entre mãos, temos que saber agarrar, temos que saber estar à altura”, afirmou, destacando investimentos de grande dimensão em áreas como a saúde, a educação e a habitação.

“É uma responsabilidade enorme, até pensando no dinheiro público que está a ser investido, nomeadamente aqui no Conselho, nos Centros de Saúde, nas escolas… são muitos milhões de euros, dezenas de milhões de euros”, reforçou.

Pedro Santana Lopes defendeu ainda a necessidade de ultrapassar os debates recorrentes que, na sua opinião, travam o progresso da região: “Fazer a Figueira da Foz sair destes debates crónicos do porto, que não tem profundidade suficiente, ou do vento que leva à areia, ou seja do que for.”

Para o autarca, é tempo de olhar para o futuro e encontrar soluções concretas em vez de se insistir em discussões estéreis. Referiu também que “a região centro hoje em dia é a mais prejudicada, ou a mais esquecida, ou a menos lembrada, ou a menos privilegiada no todo o território nacional”, conforme reconhecido pelo então ministro das Infraestruturas, o que considerou ser um alerta urgente à mobilização.

O impacto da inteligência artificial e da transição digital foi outro dos temas centrais. Santana Lopes alertou para a “chegada abrupta” destas tecnologias.

Defendeu a preparação das novas gerações para este cenário, considerando essencial “transformar todas as crianças e jovens já nas exigências deste novo tempo, respetivos equipamentos e infraestruturas.”

Recordou ainda que grande parte dos investimentos atuais só são possíveis graças ao PRR, que foi impulsionado pela pandemia: “O PRR financia a 100% muitos destes projetos que aqui estão… vejam as ironias do destino, porque houve uma pandemia, e a pandemia disponibilizou o PRR.”

Vitória Abreu aproveitou a ocasião para lembrar o papel histórico da ACIFF na defesa dos interesses portuários da região. “Todo o envolvimento da Associação, assim como dos seus membros, teve em vista as condições de operacionalidade marítima e as dificuldades dos serviços portuários.”

Destacou ainda o contributo da associação na criação do farol do Cabo Mondego e a sua participação na fundação da Comunidade Portuária da Figueira da Foz em 1998, com sede na ACIFF: “A Comunidade Portuária da Figueira da Foz foi constituída em 6 de agosto de 1998, com sede na Associação Comercial e Industrial, de que a ACIFF participa com empenho e é sua sócia honorária.”

A presidente da ACIFF mostrou entusiasmo com o atual ciclo de desenvolvimento, ligado à economia do mar: “Assistimos a um forte movimento de volta ao mar e às suas especificidades, que trazem os seus assuntos para a ordem do dia.” Entre os projetos em destaque, mencionou as obras portuárias em curso, o plano de combate à erosão costeira da APA, e a instalação do Sea Power, “centro tecnológico de inovação especializado na economia do mar, que vai precisamente ajudar a posicionar a região na engenharia offshore.” Referiu ainda a criação do Hub da Costa Atlântica da região de Coimbra, bem como a instalação de um novo campus da Universidade de Coimbra na Figueira da Foz, com cursos “ligados à economia azul, com metodologias de ensino inovadoras e disruptivas.”

O presidente do Conselho de Administração do Porto da Figueira da Foz, Eduardo Feio, também marcou presença na cerimónia, onde reiterou a importância estratégica do porto para o desenvolvimento da região.

“O Porto da Figueira da Foz existe para servir as empresas da região, do país e também do espaço ibérico. A sua razão de ser são as empresas que nele operam e que dele dependem para a sua competitividade”, afirmou. Feio lembrou ainda que a história do porto se confunde com a da própria ACIFF: “Desde o início que a missão da associação foi defender e promover os interesses do comércio deste porto em geral e dos seus associados em particular, o que demonstra a centralidade do porto na vida económica local.”

Entre os investimentos em curso, Eduardo Feio destacou a obra de melhoria das acessibilidades marítimas, atualmente em execução, que permitirá acolher navios de maior calado, bem como os projetos de reforço da conectividade ferroviária e da integração do porto na Rede Transeuropeia de Transportes. Sublinhou ainda a importância de consolidar o porto como um “cluster económico em permanente articulação e alinhamento com o município e com a região”, focado na digitalização, descarbonização, inovação e valorização das cadeias logísticas.

A cerimónia contou com uma mesa redonda dedicada ao tema “Desafios ao desenvolvimento local: o papel das forças vivas da região”, com intervenções de Alexandra Rodrigues (vice-presidente da CCDRC), Amílcar Falcão (reitor da Universidade de Coimbra), José Couto (presidente do CEC) e do próprio Pedro Santana Lopes, encerrando uma sessão marcada pelo reforço do papel da Figueira da Foz como motor económico regional e pela reafirmação do seu porto como infraestrutura estratégica para o futuro do centro do país.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE