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Tecnologia devolve voz a mulher com doença degenerativa

Notícias de Coimbra | 28 minutos atrás em 22-08-2025

Imagem: AFP

Eric e Aviva cresceram sem escutar a voz da mãe, afetada por uma doença neurodegenerativa. No entanto, graças a uma antiga gravação de áudio, processada com inteligência artificial (IA), já a conseguem ouvir.

Há 25 anos, enquanto esperava o segundo filho, Sarah Ezekiel descobriu que sofria de uma doença degenerativa que pode levar alguns pacientes a perder completamente a capacidade de falar. Foi o caso dela. Após o impacto do diagnóstico, passou a usar um computador e uma tecnologia de síntese de voz para comunicar, mas com uma voz robótica, completamente desumanizada. Assim, os filhos cresceram sem conhecer o som da voz da mãe.

No entanto, a família entrou em contacto com a empresa britânica Smartbox Assistive Technology, que desenvolve ferramentas de comunicação, especialmente com IA, para pessoas com deficiência. O objetivo era recuperar a verdadeira voz de Sarah. Para isso, a empresa pediu à família gravações antigas da mulher, alertando que deveriam ser suficientemente longas e de boa qualidade.

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Atualmente, incentiva-se que as pessoas que sofrem de doenças degenerativas gravem as suas vozes o mais rápido possível para poderem recorrer à IA. Porém, antes da era digital e dos smartphones, era muito mais raro dispor de gravações adequadas. Sarah conseguiu recuperar apenas um fragmento da voz. Retirado de um vídeo familiar dos anos 1990, tinha apenas oito segundos de duração e era de má qualidade, já que se ouvia a voz e, simultaneamente, o áudio de um programa de televisão.

Mas a empresa britânica não desistiu. Começou por isolar a voz de Sarah antes de utilizar a IA generativa. O resultado superou as expectativas. A tecnologia conseguiu até mesmo reproduzir o seu leve ceceio – forma de falar aproximando a ponta da língua dos dentes incisivos centrais.

“Enviei amostras e ela respondeu-me por e-mail dizendo que quase chorou ao ouvi-las”, disse à AFP Simon Poole, da empresa Smartbox. “Ela fez uma amiga ouvir, que a conhecia antes de perder a voz, e essa amiga disse que parecia que Sarah tinha recuperado a sua própria voz”.

Para Poole, o verdadeiro avanço está no facto de que, com a IA, “as vozes são realmente humanas e expressivas, e devolvem essa humanidade que até agora faltava nas vozes demasiado sintéticas”. Isso permite “preservar a identidade da pessoa”, rematou

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