O Teatro Gil Vicente de Coimbra vai ter espetáculos com audiodescrição para promover o acesso à cultura das pessoas cegas ou de baixa visão, no âmbito de um protocolo com a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO).
De acordo com o protocolo, assinado hoje, em Coimbra, “o TAGV [Teatro Académico de Gil Vicente] assume o compromisso de tornar os seus espaços e os seus conteúdos mais inclusivos”, afirmou Sílvio Correia Santos, diretor do Teatro.
Formalizado no Dia Internacional dos Direitos Humanos, o documento prevê a divulgação de projetos, a partilha de conteúdos e a realização de ações de sensibilização para promover a capacitação de pessoas com deficiência.
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Entre as medidas previstas no protocolo está a audiodescrição. “Alguns espetáculos, podemos designá-los previamente para que possam ter audiodescrição, o mesmo acontecendo em visitas guiadas”, detalhou Sílvio Correia Santos.
O TAGV está também “a começar a preparar o processo para haver uma maqueta tátil” para a exploração do espaço, de acordo com o diretor.
Ao abrigo do protocolo, haverá descontos na aquisição de bilhetes e entrada gratuita para assistentes pessoais ou acompanhantes, sendo que a ACAPO irá receber e distribuir aos associados a ‘newsletter’ do TAGV.
“Este protocolo representa mais do que um gesto simbólico. É um compromisso que, diria, é operativo, operacional e mensurável, porque são coisas muito concretas e que espero que seja continuado”, sublinhou Sílvio Correia Santos.
Para o presidente da direção da delegação de Coimbra da ACAPO, José Francisco Caseiro, este é “um dia de alegria”, assinalando que a ideia foi agarrada “com as duas mãos” pela associação, porque é “uma nova etapa no rumo à cultura, à acessibilidade” e à inclusão social.
“Damos hoje um passo muito importante no rumo à inclusão, a novos projetos acessíveis e também à audiodescrição”, disse José Francisco Caseiro, considerando ser “muito importante” que os associados da ACAPO possam saber quando há estas propostas para poder vir ao Teatro.
José Francisco Caseiro considera ainda que “são muitos desafios” para o Teatro e para a Associação para, de forma concreta, desenvolverem a inclusão no acesso à cultura, que é “um bem precioso”.
“Nós devemos ter sempre presente no nosso quotidiano que não é nada que estejamos a pedir. É um direito natural nosso aceder de forma livre, espontânea, acessível à inclusão e à nossa participação cívica”, defendeu.
Durante a sessão de assinatura do acordo, o diretor do TAGV indicou também que sócios da ACAPO vão ser convidados, para uma residência, em fevereiro de 2026, no âmbito do espetáculo “Aurora”, que acolherá em 2027.
“Neste espaço de criação, que é aberto a todos os públicos, estamos a fazer um convite muito particular às pessoas cegas ou de baixa visão, sócias da ACAPO, porque vão ser convidadas a experimentar o trabalho desenvolvido pelos artistas através do movimento”, explicou Sílvio Correia Santos, notando que este convite “não faz parte do protocolo em si, mas resulta do espírito do protocolo”.
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