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Teatrão lança documentário sobre a Arregaça, uma “zona esquecida” de Coimbra

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 18-06-2021

O Teatrão lança no sábado o documentário “De Portas Abertas”, que parte do trabalho da companhia no seu projeto de intervenção comunitária no Vale da Arregaça, em Coimbra, para falar daquela “zona esquecida” da cidade.

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O documentário, que é apresentado no sábado na Oficina Municipal do Teatro e no domingo no Clube Desportivo da Arregaça (às 19:00, nos dois dias), parte do projeto de intervenção que O Teatrão tem desenvolvido naquela zona, próxima da sede da companhia.

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O filme foi realizado por Sérgio Emanuel Pereira, que estagiou na companhia entre março de 2020 e maio deste ano.

Para além do processo de criação do primeiro espetáculo resultado do projeto, que foi apresentado em 2020, o filme dá voz aos moradores, antigos operários das fábricas de cerâmica, jogadores do União de Coimbra (clube que tem ali a sua sede) e apresenta imagens que mostram o abandono a que aquele vale foi votado, contou à agência Lusa a diretora d’O Teatrão, Isabel Craveiro.

“São imagens de prédios e casas degradadas, de fábricas fechadas. São imagens muito poderosas, porque também mostram uma cidade que já teve uma pujança do ponto de vista industrial”, explicou.

Segundo a diretora da companhia, “há um sentimento geral de que este é um sítio esquecido e tem muito impacto a quantidade de espaços em ruínas, campos abandonados, quintas abandonadas, que estão à espera de um plano urbanístico, que estão à espera do Metro [Mondego]”.

“Ao mesmo tempo, o contacto com estas pessoas, com o clube, é como se de repente fosse o contacto com uma cidade que já não existia. Mas com muita alegria percebi que as pessoas não se esqueceram de determinadas coisas. É fixe ligar ali outra vez o motor para as pessoas se juntarem para fazerem alguma coisa”, frisou.

Ao longo do documentário, os testemunhos vão-se entrecruzando com a feitura do espetáculo e com a sua apresentação, num contexto de pandemia.

Para Isabel Craveiro, o objeto fílmico também funciona como registo dos métodos de trabalho da companhia e da forma como abordou este projeto em concreto.

“Os projetos são efémeros e este registo permite-nos refletir sobre os processos, os resultados e os impactos”, frisou.

De acordo com a diretora d’O Teatrão, o projeto mostra também o início de uma relação da companhia com a Arregaça que será “para a vida”.

“Queremos que eles sejam público, queremos que sejam parceiros e ajudá-los nos projetos que desenvolvem”, salientou.

A companhia vai entretanto começar a trabalhar no próximo espetáculo inserido no projeto da Arregaça, que deverá estrear em 2022, onde vão ser abordadas questões laborais a partir daquela zona de Coimbra.

“Queremos perceber como o trabalho, as remunerações, o tipo de contrato determinaram as outras coisas na vida destas pessoas – a casa, a família, o sítio onde vivem, a forma como vivem e as expectativas que têm de carreira ou não”, referiu.

O documentário será também exibido no MEXE – Encontro Internacional de Arte e Comunidade, quer no Porto, quer na extensão do evento em Lisboa, em setembro.

No futuro, a companhia irá também disponibilizar o filme nas plataformas digitais.

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