A plataforma Bolt vai voltar a integrar táxis, além dos TVDE, bicicletas ou trotinetes, depois de este serviço estar suspenso na aplicação desde o ano passado, embora se mantenha ativo na ilha da Madeira.
Em declarações à Lusa, o responsável de Ride-hailing da Bolt em Portugal, Mário de Morais, explicou que a intenção é que “muito em breve” o serviço volte a estar disponível, embora não se tenha comprometido com datas concretas, lembrando que há “algumas questões processuais e burocráticas” que não dependem só da Bolt.
“Tivemos durante muito tempo e mantivemos na Madeira. Mas houve aqui uma necessidade, obviamente, de fazer clarificações e tanto as associações [de táxis] como o regulador [Instituto da Mobilidade e dos Transportes] nos pediram algumas informações, até que chegámos a um ponto onde estamos todos confortáveis”, explicou.
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Mário de Morais adiantou que o presidente da Antral (Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros), que inicialmente estava um pouco mais reticente, “já veio dizer que, de facto, via com bons olhos, desde que todas estas regras que falámos fossem cumpridas”.
“É o retomar de uma estratégia que a Bolt já tinha de agregar toda a mobilidade partilhada numa plataforma. Tivemos que fazer alterações que considero bastante relevantes, mas conseguimos retomar este projeto que, na altura, tinha já muitas centenas de taxistas registados no ano passado, quando nós tivemos que suspender a atividade”, afirmou.
Uma das alterações que tiveram de ser feitas dizem respeito, de acordo com Mário de Morais, ao tipo de tarifa que se aplicava, em que zonas é que se aplicava taxímetro e em que zonas se aplicava “a famosa tarifa a contrato”.
“O regulador ouviu tanto as associações [representativas dos táxis] como a Bolt e deu-nos indicações claras de como operar: agora vamos operar essencialmente com um taxímetro”, esclareceu o responsável.
Na Madeira, onde se pode pedir um táxi através da Bolt, estão registados “mais de 200 taxistas”, sendo que Mário de Morais considera que, no continente, a plataforma vai “superar largamente” esse número, não só pela dimensão do próprio continente, onde o objetivo é “chegar aos milhares de taxistas até ao final do ano”.
O responsável considera o setor do táxi como um “ótimo complemento à mobilidade partilhada em plataformas”, tanto para o cliente que fica “com mais um serviço relevante que complementa o TVDE”, tanto para o taxista que poderá ver na plataforma “um complemento também à sua atividade normal”.
“E essa é, mais uma vez, a estratégia que nós temos na Bolt, queremos garantir que as pessoas deixam o carro [próprio] no seu dia-a-dia (…), tem que ser uma combinação entre transporte público e transporte partilhado, que são os táxis e os TVDE”, enfatizou, sublinhando que “já ninguém quer estar 45 minutos para entrar numa cidade parado no seu carro, a andar a uma velocidade que a pé seria mais rápido”.
Mário de Morais alertou também para um estudo europeu, em que Portugal também participou, que aponta que as gerações mais novas estão a deixar de comprar carro, encarando o setor TVDE como uma opção.
“É uma tendência que nós já previmos e é natural porque as gerações mais novas já nascem numa altura em que se habituam a andar de transporte partilhado desde muito mais novos e, portanto, quando chegam aos 18 anos, tirar a carta, comprar um carro, fazer manutenção ao carro, todos estes custos, começam a equacionar, de facto, se será que isto faz sentido”, considerou.
Mário de Morais acrescentou ainda que, segundo o estudo, ao dia de hoje, 55% das pessoas entre os 18 e os 40 anos “usaram pelo menos uma vez uma aplicação TVDE no último ano”, comparando com 37% das pessoas dos 41 aos 75 anos.
Dos portugueses inquiridos, 45% disseram que usaram os TVDE pela facilidade e comodidade do serviço, a segunda razão mais selecionada foi não quererem preocupar-se com o estacionamento (29%), seguida de poupar tempo (28%).
O estudo, conduzido pela Ipsos Morri (empresa de estudo de mercado inglesa) com a Bolt, revela que 49% entre os 18 e 40 anos disseram ser donos de um carro, contrastando com 67% dos inquiridos entre os 41 e 75 anos.
Em termos geracionais, a diferença é ainda mais acentuada, com 36% da Geração Z (nascidos na segunda metade da década de 90) a afirmar ter carro, opondo-se a uma média de 67% entre a Geração X (entre 1965-1980) e os Baby Boomers (entre 1946-1964).
A Bolt foi fundada na Estónia em 2013 e começou a operar com o nome de Taxify (pensada inicialmente para ligar táxis a clientes), tendo mudado de nome em 2019 quando pretendeu expandir-se no mercado, não só como TVDE, mas também em outras formas de micromobilidade.
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