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Também fica cego na estrada? Novos faróis estão a enlouquecer os condutores

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 1 hora atrás em 10-12-2025

Conduzir à noite está a tornar-se cada vez mais difícil para a maioria dos automobilistas. A crescente intensidade dos faróis LED, hoje comuns na indústria automóvel, está a provocar níveis de encandeamento inéditos, levantando preocupações de segurança rodoviária.

Se, há pouco mais de uma década, as lâmpadas halogéneas raramente ultrapassavam os 1300 lúmenes, as modernas lâmpadas LED podem exceder os 4000 lúmenes, emitindo uma luz mais branca, mais intensa e, consequentemente, mais incómoda.

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Estudos britânicos citados pela consultoria TRL revelam que 97% dos condutores admitem sentir-se regularmente ou ocasionalmente distraídos pelo brilho dos faróis de veículos em sentido contrário. Os investigadores registaram picos de luminosidade de 63.566 cd/m², muito acima do limite considerado aceitável — 40.000 cd/m².

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Segundo o deputado britânico Martin Wrigley, citado pelo Le Figaro, os faróis LED podem ser 10 vezes mais luminosos do que sistemas tradicionais, provocando um stress visual que exige um tempo de recuperação entre 30 e 60 segundos.

Apesar de existirem normas internacionais, como a ECE R149, que regulam a potência emitida pelas luzes dos automóveis, estas não contemplam a luminância percebida pelo olho humano — o fator que realmente determina o nível de encandeamento.

De acordo com a TRL, o limite aceitável de luminância é frequentemente excedido, sobretudo em situações como subidas, curvas, cruzamentos com SUV e piso molhado.

Os investigadores concluem ainda que a intensidade dos faróis é apenas 23% do problema. O tipo de veículo representa 20%, sendo que nove dos 10 modelos mais associados a encandeamento são SUV e oito em cada 10 utilizam tecnologia LED.

Mais do que reclamar do encandeamento alheio, importa garantir que os próprios faróis não estão mal regulados. O Código da Estrada proíbe o uso de máximos no cruzamento com outros veículos, pessoas ou animais, mas o desgaste do veículo pode alterar o alinhamento das luzes, pode ler-se no pplware.

Uma verificação simples consiste em estacionar a cinco metros de uma parede, marcar a altura dos olhos e confirmar se o feixe de luz dos médios está ligeiramente abaixo dessa marca. Em caso de dúvida, o ajuste pode ser pedido na inspeção periódica.

Os condutores podem também utilizar o botão de correção de altura do feixe, útil quando o veículo transporta carga extra, que tende a levantar a frente do carro.

Lentes de policarbonato desgastadas podem tornar-se opacas, difundir a luz de forma irregular e projetar o feixe demasiado alto. A solução passa por restauro ou substituição dos faróis.

A seguradora Wawanesa recomenda ainda medidas adicionais: manter o para-brisas limpo, reduzindo o efeito de dispersão da luz; desviar ligeiramente o olhar para a direita ao cruzar veículos; usar óculos específicos para condução noturna, sob orientação médica; aplicar películas antirreflexo no retrovisor interno e orientar discretamente os retrovisores externos para baixo em situações de maior encandeamento.

Embora não exista uma solução milagrosa, um conjunto de pequenos cuidados pode reduzir significativamente o incómodo provocado pelos faróis LED — tanto para quem conduz como para quem circula em sentido contrário. Numa altura em que a tecnologia automóvel evolui rapidamente, garantir o correto ajustamento e manutenção dos faróis torna-se essencial para a segurança de todos na estrada.

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