No coração das Aldeias do Xisto, a Taberna do Talasnal tornou-se paragem obrigatória para quem visita a Serra da Lousã.
O espaço, criado por Joaquim Lourenço em 2017, nasceu de forma simples — “eram só uns petiscos, umas coisas frias” — mas depressa se transformou num dos polos gastronómicos mais procurados da região. O que começou por necessidade evoluiu para identidade: cada prato conta um pedaço da serra, da aldeia e das suas histórias.
A aposta é clara: cozinha serrana com alma. “Havia necessidade de um serviço de restauração e comecei a criar respostas. As pessoas pediam comida, e tive de a dar”, explica o proprietário. O resultado é uma carta que combina tradição, criatividade e homenagem ao território.
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A refeição começa muitas vezes com um dos pratos mais simbólicos da casa: os cogumelos das bruxas. Uma entrada agridoce inspirada no mítico Terreiro das Bruxas, local lendário da Serra da Lousã.
“Gosto de criar pratos com envolvência da região. Quis homenagear um espaço histórico”, diz Joaquim. A receita combina cogumelos com castanha, abóbora e texturas que lembram a floresta. Uma criação pensada para surpreender e criar ligação ao imaginário serrano.
Segue-se a sopa Tí Manel, um clássico da aldeia que presta homenagem ao seu último morador. Couve serrana, feijão e o sabor rústico de quem viveu as montanhas até ao fim. “É uma sopa típica da aldeia, uma lembrança de quem aqui fez história”, refere.
O primeiro prato principal costuma ser a tibornada de bacalhau, tradição herdada da vida dura das gentes serranas. “Era o aproveitamento da berua que sobrava, misturada com bacalhau, couve e batata ao murro”, explica Joaquim. Hoje, é um dos pratos mais pedidos, pela simplicidade e pelo conforto que traz à mesa.
Daí, a viagem segue para dois ícones gastronómicos: Cabrito assado com castanha, grelo e arroz, prato nobre das encostas da Lousã e chanfana, rainha absoluta do território, cozinhada lentamente como manda a tradição.
“A chanfana, o cabrito e o bacalhau são produtos que nunca podem faltar. Fazem parte da essência da casa”, sublinha o proprietário.
A taberna não vive apenas da tradição. Há também espaço para inovação, como os bifes à Talasnal e o bife serrano, que juntam carnes suculentas a apontamentos de produtos locais, num equilíbrio entre rusticidade e modernidade.
Com a chegada do inverno, a aldeia ganha aromas que saem das cozinhas e também da fogueira comunitária do largo. “Fazemos sopa de castanhas, sopa labradora, cozido… gostamos de experimentar comida na fogueira”, revela Joaquim, reforçando o espírito de partilha que caracteriza o Talasnal.
A Taberna do Talasnal não é apenas um restaurante: é um palco onde os sabores antigos se cruzam com histórias, lendas e memórias da serra. Cada prato é um pedaço da aldeia — e a aldeia, hoje cheia de vida, devolve o gesto acolhendo quem chega com mesa posta e tradição viva.
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