Região
Tábua chora a morte de fotojornalista do 25 de Abril. Tinha “ligações familiares a Mouronho”

Imagem: DR
O Município de Tábua lamenta o falecimento, ocorrido esta madrugada, do reputado fotojornalista Eduardo Gageiro, com ligações familiares a Mouronho.
Eduardo Gageiro foi um dos maiores fotojornalistas portugueses, colaborando com as principais publicações do País e Estrangeiro, sendo reconhecido ao longo da sua carreira com mais de 300 prémios, entre eles o 2.º prémio do World Press Photo, em 1974.
PUBLICIDADE
Ciente da importância da sua obra, o Município de Tábua atribuiu a Eduardo Gageiro a mais alta distinção, a Medalha do Concelho de Tábua, em 10 de Abril de 2010. Foi ainda agraciado em 2004, pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com o grau de Comendador, com a Ordem do Infante D. Henrique.
O antigo Presidente da República António Ramalho Eanes destacou a excelência de Eduardo Gageiro, “argúcia, inteligência, capacidade de trabalho” e grande paixão pela fotografia, numa reação à morte do fotojornalista, ocorrida hoje, em Lisboa, aos 90 anos.
“Eduardo Gageiro era um grande fotógrafo, com trabalhos de elevada originalidade e qualidade artística, aliás, sobejamente atestados na sua última exposição, em 2024, na Cordoaria Nacional”, escreve Ramalho Eanes, numa mensagem enviada à agência Lusa, numa referência à restrospetiva “Factum” dedicada à obra de Gageiro.
Ramalho Eanes recorda que Eduardo Gageiro trabalhou consigo “na Presidência da República, enquanto fotógrafo oficial”, tendo “oportunidade de constatar a sua argúcia, inteligência, capacidade de trabalho e a sua grande paixão pela fotografia.”
“Da sua excelência enquanto fotógrafo testemunho são os muitos prémios que recebeu, entre os quais o prémio World Press Photo em 1975; os dois prémios, incluindo uma Medalha de Ouro, em 2005, no Salão Internacional de Fotografia no Japão; e os três prémios, incluindo duas Medalhas de Ouro, no mesmo ano, na Exposição Internacional de Fotografia Artística, na China”, enumera Eanes.
“Eduardo Gageiro é, sem dúvida, um dos nossos grandes fotógrafos e a sua morte é não só uma perda para a arte da fotografia como, também, para o País”, conclui o antigo Presidente da República.
Nascido em Sacavém, em 1935, Eduardo Gageiro deixa um vasto arquivo de uma obra de décadas que ilustra realidades políticas, sociais e culturais do país, modos de vida e personalidades diversas, num registo histórico desde a década de 1950 até à atualidade.
Durante a ditadura, captou imagens das condições precárias em que vivia grande parte da população portuguesa, tendo tido vários episódios em que foi preso pela PIDE, por causa das imagens ‘inconvenientes’ ao regime.
Empregado de escritório na Fábrica de Loiça de Sacavém, entre 1947 e 1957, “conviveu diariamente com pintores, escultores e operários fabris, que o influenciaram na sua decisão de fazer fotojornalismo”, lê-se na biografia disponível no seu ‘site’.
Gageiro publicou a sua primeira fotografia aos 12 anos no Diário de Notícias, “com honras de primeira página”, iniciando a atividade de repórter no Diário Ilustrado em 1957.
Ao longo da carreira trabalhou para as revistas O Século Ilustrado, Eva, Almanaque, Match Magazine, foi correspondente da agência Associated Press (Portugal), editor da revista Sábado e manteve uma longa atividade como ‘freelancer’.
Eduardo Gageiro foi condecorado como comendador da Ordem do Infante D. Henrique e cavaleiro da Ordem de Leopoldo II, da Bélgica.
Entre as distinções da sua carreira, conta-se o World Press Photo em 1975, por uma imagem de António de Spínola, na clarividência da derrota iminente, com a passagem da História.
Foi nomeado “membro de honra” do Fotokluba Riga (ex-URSS), do Fotoclube Natron e da Novi Sad (ex-Jugoslávia), da Osterreichisdhe Fur Photographie, da Áustria, e recebeu o prémio de excelência da Fédération Internationale de l’art Photographique (FIAP), em Berna, na Suíça.
No II Congresso Internacional de Repórteres Fotográficos, realizado em S. Paulo, Brasil, em 1966, foi nomeado vice-presidente da organização.
Mestre Fotógrafo Honorário da Associação de Fotógrafos Profissionais desde 2009 é o único português com uma fotografia em exposição permanente na Casa da História Europeia, em Bruxelas, desde 2014, indica a sua biografia.
No início deste ano, a Câmara Municipal de Torres Vedras adquiriu o acervo do fotógrafo, que já se mantinha à sua guarda e conservação.
Até 13 de setembro está patente na Galeria Municipal de Torres Vedras a exposição “Pela Lente da Liberdade”, que parte desse acervo.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE