Uma ameaça silenciosa e devastadora pode estar prestes a alastrar a nível mundial. Investigadores detetaram na Florida, nos Estados Unidos, o cruzamento entre duas espécies altamente destrutivas de térmitas — um fenómeno que pode dar origem a uma nova “super-térmita”, mais resistente, voraz e com capacidade de se espalhar rapidamente pelo planeta.
O cruzamento, que ocorre desde o final da década de 1990, preocupa cada vez mais a comunidade científica. Segundo Thomas Chouvenc, um dos autores do estudo publicado recentemente na revista Proceedings of the Royal Society, “é apenas uma questão de tempo até que estas populações híbridas se estabeleçam onde as duas espécies coexistem”.
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As duas térmitas subterrâneas envolvidas — da família Coptotermes — já causam atualmente prejuízos na ordem dos 35 mil milhões de euros por ano a nível global. Cerca de 80% desse impacto económico resulta precisamente da atividade destas pragas que se alimentam de madeira, destroem infraestruturas e desafiam métodos de controlo convencionais.
Mais preocupante ainda é a constatação de que as fêmeas híbridas da primeira geração são férteis e podem reproduzir-se com machos de qualquer uma das espécies originais. Este intercâmbio genético abre caminho à formação de uma nova população de térmitas com maior resistência às variações climáticas e maior capacidade de adaptação.
Para Edouard Duquesne, investigador da Universidade Livre de Bruxelas, o cenário é alarmante: “Híbridos viáveis destas duas espécies podem originar térmitas super-invasoras com uma área de dispersão global e um potencial destrutivo enorme”, pode ler-se no ZAP.
O risco de disseminação global aumenta com outro fator inquietante: estas térmitas são abundantes nas zonas portuárias, o que facilita a sua entrada em navios de carga e cruzeiros, podendo viajar inadvertidamente para novos continentes.
“Durante décadas ignorámos os sinais. Agora, estamos a pagar o preço da nossa distração”, conclui Thomas Chouvenc, sublinhando que o tempo para agir está a esgotar-se.
A possibilidade de uma nova praga global coloca desafios urgentes à monitorização, prevenção e controlo destas espécies invasoras, antes que seja tarde demais.
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