Coimbra

Stra quê? Stratio! É aquela empresa do filho e do sobrinho do vereador de Coimbra…

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 28-02-2021

São cada vez mais claras as relações entre os Serviços Municipalizados de Transportes de Coimbra (SMTUC) e a empresa STRA, ligação que terá obrigado Jorge Alves a sair da vereação municipal e da liderança da transportadora.

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A STRA opera com a marca Stratio e diz ser “compatível com todos os veículos pesados, independentemente da idade, marca ou modelo, o dispositivo desenvolvido pela Stratio recolhe todos os dados gerados pelos sensores do veículo em tempo real e, através de um algoritmo de inteligência artificial, consegue prever e antecipar a ocorrência de desgaste e de avarias graves, permitindo ações atempadas por parte do cliente e, consequentemente, menos custos e tempo em oficina, garante a marca”.

No site do município, de onde desapareceram alguns conteúdos relacionados com a Stratio,  aparece descrita desta forma: Os Serviços Municipalizados de Transporte Urbano de Coimbra (SMTUC) e a Stratio Automotive, startup portuguesa sediada no Instituto Pedro Nunes, estabeleceram uma parceira técnica, com vista à utilização de uma plataforma de manutenção preventiva na frota de autocarros urbanos de Coimbra.

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Uma consulta à base de contratos públicos permite apurar que os SMTUC celebraram 4 contratos com a STRA. Dois na presidência de Rosa Reis Marques e os outros dois já com Jorge Alves na liderança. 

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O primeiro contrato entre os SMTUC e a STRA foi conhecido em 07-07-2016. Tipo de procedimento: Ajuste direto. Tem como objeto a “Prestação de serviços para manutenção preditiva de veículos em tempo real”.  Valor: 44.000,00 €.

O segundo acordo entre a tecnológia e a transportadora foi tornado público no 22-09-2017, de novo por ajuste direto,  para “Fornecimento e instalação de equipamentos para manutenção preditiva de véiculos em tempo real”, pelo valor de  52.560,00 €.

Rosa Reis Alves (ex-administradora do Pediátrico, ex-vice-presidente da Câmara e atual presidente da ARSC) liderava o Conselho de Administração dos SMTUC, tendo como vogais Jorge Alves e Francisco Queirós.

Em 20-07-2018 foi conhecido novo ajuste Direto por 69.300,00 € para a “Prestação de serviços para manutenção preditiva de veículos em tempo real”.

O último contrato tem data de 22-10-2019. Mais um ajuste direto para “Fornecimento e instalação de equipamentos para manutenção preditiva de veículos em tempo real” Preço a pagar à STRA pelos SMTUC: 49.604,00 €.

Jorge Alves era presidente do Conselho de Administração dos SMTUC desde dezembro de 2017 e os vogais são Francisco Queirós e Regina Dias Bento.

O tio assinou pelo menos um contrato com o sobrinho

 

Confrontado com a existência de contratos públicos da empresa do filho e do sobrinho com os Serviços Municipalizados de Transportes de Coimbra (SMTUC), que dirigia até sexta feira, o ex-verador afirma que “não comenta cartoons” e revela que vai regressar às suas funções profissionais no Ministério da Justiça.

Questionado pelo Notícias de Coimbra se tem conhecimento destes contratos e da existência de um eventual conflito de interesses, o ex-vereador limitou-se a repetir: “Não comento achincalhamento feito por sites de cartoons.”

Jorge Alves disse ainda ao NDC que foi alvo de “ataques pessoais e políticos, que apenas pretendem enxovalhar” e reitera que “não merecem comentário e serão tratados nos locais corretos”, mas afirma que a principal razão é de saúde e revela que está “de baixa há alguns dias” acrescentando que na “sessão de câmara já não estava muito bem”.

Notícias de Coimbra sabe que Rui Maranhas Alves da Luz Sales, administrador da empresa STRA S.A., é  um dos filhos de Jorge Maranha Alves.

A empresa foi fundada em 2012 (com o nome de Média Corp Lda) por Rui Maranhas Alves da Luz Sales e Ricardo Nuno Conde Margalho (sobrinho de Jorge Alves), com o capital social de 2 euros.

Em 2016, alterou o nome da firma para STRA, Lda, mantendo como sócios Rui Alves e Ricardo Margalho, que em 2018 transformaram a STRA em Sociedade Anónima.

Na mesma ocasião aumentaram o Capital Social para 50.004,00 Euros, com a  incorporação de reservas – 45.000,00 Euros, subscrito por ambos os sócios na proporção das respetivas quotas, dinheiro – 4,00 Euros, com a admissão para sócios de Luísa Maria dos Santos da Luz Sales – 2,00 Euros, Maria Luísa Moreira Nabais Conde – 1,00 Euros e Rui Miguel Reis Margalho – 1,00 Euro. 

Segundo dados da Conservatória do Registo Comercial de Coimbra, Rui e Ricardo partilham a admistração da STRA SA, agora com o capital de 63.786,02 Euro, com Krishna Visvanathan, mas não foi possivel apurar se este residente no Reino Unido é acionista da empresa.

 

 

A Stra é detentora da marca Stratio, mas no site stratioautomotive não se dá pela presença da empresa, que, curiosamente, não destaca a sua relação com os SMTUC.

A Statrio diz que os “os nossos clientes falam por nós” mas a marca não fala da transportadora municipal de Coimbra. Prefere realçar a sua relação com operadores privados.

Também não comunica uma parceria da Média Corp/Stra/ Stratio com a Comunidade Intermuncipal de Coimbra, aprovada pelos presidentes de câmara reunidos em conselho intermunicipal no ano de 2016.

 

 

A Stratio apresenta-se como uma marca global e de grande sucesso no desenvolvimento de soluções tecnológicas na área da gestão e manutenção de frotas.

Notícias de 2017 referiam que recorrendo a tecnologia espacial, introduzindo o conceito de previsibilidade, a Stratio desenvolveu um produto que permitiu aos SMTUC reduzir em 12% os custos de manutenção, menos 350 horas no tempo de imobilização forçada das viaturas, um decréscimo de 8% nos custos de combustível e uma diminuição de 93 toneladas de emissões de gases poluentes. Tudo isto foi possível porque os problemas dos veículos passaram a ser detetados antes de ocorrerem.

De Coimbra para o mundo, já com escritórios em Silicon Valley e Madrid, a Stratio foi a empresa escolhida pela Agência Espacial Europeia (ESA) para marcar presença no Web Summit, em Lisboa,  Juntamente com Frank Salzberger, diretor do programa de transferência de tecnologia da ESA, a Stratio vai subir ao palco da “Growth Summit’, onde vão ser apresentadas algumas das empresas de mais rápido crescimento do mundo, anunciou a marca no dia em que publicitava a sua relação com os SMTUC. 

Em  2017, “o Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, e o Secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson de Souza, visitaram a Stratio Automotive, uma das empresas da Aceleradora de Empresas do Instituto Pedro Nunes. A Stratio Automotive está a transformar a indústria da manutenção automóvel em veículos pesados, transformando-a numa ciência exacta, e o Governo quis ver isso de perto”, pode ler-se no site do IPN, onde a empresa nasceu e cresceu.

Em 2020, segundo a RTP, com o sector dos transportes de passageiros parado devido à pandemia, a Stratio mudou a sua base de negócio para o transporte de mercadorias. Seguindo a tendência “Gestão remota de operações” a empresa apostou no desenvolvimento de soluções de automatização para controlo de frotas remotamente.
 
Notícias de Coimbra solicitou, por diversas vias, esclarecimentos à empresa, mas esta preferiu não responder.

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