Colorida, aromática e cheia de contrastes de texturas, a Sopa de Presunto é um prato de conforto que resgata os sabores de antigamente e a riqueza da gastronomia serrana.
Disponível no Restaurante Beira Rio, em Góis, na última sexta-feira de cada mês, esta especialidade combina produtos da terra, como feijão, batata e couve, com a tradição da criação do porco, elemento central da alimentação das famílias rurais durante séculos.
A sopa destaca-se pela utilização do presunto, resultado de um processo ancestral que envolve salga, cura e fumeiro, práticas que fazem parte do património cultural da região. Este prato, que reúne ingredientes como presunto, feijão, entremeada, chouriça caseira, batata, couve e macarrão, é mais do que uma refeição: é uma memória viva das cozinhas serranas.
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A história da Sopa de Presunto cruza-se com a da própria tradição da criação do porco. Antigamente, nas aldeias da serra, cada família criava pelo menos um ou dois animais, cuja matança era um acontecimento anual carregado de ritos e práticas comunitárias. Nada se desperdiçava: os presuntos eram salgados, curados e fumados, tornando-se reserva alimentar para todo o ano.
Esta ligação entre gastronomia e memória está documentada desde o século XVII. Em 1680, Domingos Rodrigues dedicava já receitas ao presunto na sua obra Arte de Cozinha, o primeiro livro de cozinha impresso em Portugal. Um século mais tarde, Lucas Rigaud, cozinheiro das casas reais, sublinhava a importância do porco na dieta, afirmando que “quase seria impossível trabalhar-se bem numa cozinha sem usar dela”.
Hoje, no Beira Rio, a Sopa de Presunto recupera esse legado, trazendo para a mesa um prato robusto, nutritivo e cheio de história, que continua a unir tradição, comunidade e sabor.
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