Com a chegada dos dias frios, regressa também a vontade de pratos reconfortantes, e poucos são tão emblemáticos como a Sopa da Pedra, uma especialidade que continua a ser um orgulho de Almeirim e um clássico da gastronomia portuguesa.
A história deste prato remonta à conhecida lenda do frade astuto que, batendo à porta de um lavrador, pediu apenas uma panela de água para fazer uma sopa “com uma pedra”.
À medida que a água fervia, o frade ia sugerindo pequenos acréscimos para “melhorar o sabor” — um pouco de feijão, umas batatas, mais tarde carne e enchidos — até transformar a simples água numa sopa rica e substancial. No final, perante a surpresa do lavrador, terá dito a célebre frase: “A pedra lavo-a e levo-a comigo para outra vez!”, explica o Notícias ao Minuto.
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A versão tradicional inclui feijão encarnado, batata nova, carne de porco em várias peças, chouriça, morcela, farinheira, cebola, alho, louro e coentros, num cozinhado demorado que apura sabores e ganha corpo.
O feijão é cozido com os aromáticos, as carnes são preparadas à parte, a batata junta-se ao caldo, e uma porção de feijão é triturada para engrossar a sopa antes de tudo ser reunido e deixado a apurar lentamente. No final, os enchidos cortados em rodelas e os coentros frescos elevam o prato ao seu sabor característico.
Há ainda quem mantenha a tradição mais literal e acrescente um seixo rolado bem lavado, como homenagem ao truque original do frade.
Rica, intensa e perfeita para enfrentar o frio, a Sopa da Pedra continua a ser um prato que une história, cultura e mesa farta, lembrando-nos que, tal como na lenda, os melhores sabores nascem muitas vezes de alguma criatividade e de uma boa dose de partilha.
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