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 “Somos todos crioulos”

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 20-10-2021

Somos todos crioulos, defendeu hoje o antigo ministro da Cultura de Cabo Verde, Mário Lúcio Sousa, no Folio, em Óbidos, onde apresentou o seu último livro, em que manifesta a crioulização de todos os povos do mundo.

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 “O que o manifesto vem dizer é que somos todos crioulos, porque na verdade, antropologicamente, está provado que temos raízes múltiplas desde há milhares de anos”, disse o escritor e pensador à agência Lusa, no final da apresentação do seu mais recente livro “Manifesto a Crioulização”.

Naquela que é a sua 13.ª obra literária, o escritor reflete sobre o conceito de “crioulização” enquanto processo de afirmação e de identidade dos povos que ao longo dos tempos “foram entrando num processo de segregação total, com cada uma fechar-se no seu território”.

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“Ainda assim há a possibilidade de nós criarmos um estado mental de relação”, defendeu o antigo ministro da Cultura de Cabo Verde que, no manifesto, defende a evolução para um estádio em que “se encare o planeta como casa da humanidade”.

Para Mário Lúcio Sousa, “termos como tolerância, integração ou assimilação, foram tentados e estão gastos”, pelo que hoje humanidade precisa é de encarar que “as questões identitárias são questões conceptuais” que podem ser “debeladas com afetos para conseguirmos ter uma sociedade mais saudável”.

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 No livro, editado pela Imprensa da Universidade de Coimbra, Mário Lúcio Sousa, lembra que não existe uma, mas sim “várias línguas crioulas” e que a expressão ‘crioulo’ “une uma grande quantidade de culturas”.

Ou seja, “a crioulização é, assim, um velho exemplo da história das relações humanas, em termos do seu processo de afirmação e de identidade de indivíduo e do grupo”.

Para o grupo que hoje assistiu, na Casa da Música, em Óbidos, à apresentação do seu livro, Mário Lúcio Sousa reservou uma mostra de outros dos seus talentos.

 Foi a cantar “Hino à Criação”, em crioulo, que iniciou a interação com os ouvintes do Folio, dos quais se despediu também a cantar, destes vez “Sodade”, o tema celebrizado por Cesária Évora.

Cantor, compositor, escritor e pensador, Mário Lúcio Sousa é natural do Tarrafal, na Ilha de Santiago, em Cabo Verde, e é o escritor mais premiado do país, internacionalmente.

É ainda uma referência na música de Cabo Verde, de que chegou a ser embaixador cultural e, entre 2011 e 2016, ministro da Cultura e das Artes.

O Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos decorre até ao dia 24, reunindo na vila 175 autores e escritores que participam em mais de 160 atividades, entre as quais 16 mesas de autor e debates, 23 concertos e 12 exposições.

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