Os investigadores que hoje apresentaram uma solução de compostagem para a biomassa dos jacintos-de-água retirada de rios e lagoas destacaram o “trabalho notável” da comunidade intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra no combate àquela invasora.
À agência Lusa, à margem da sessão de apresentação dos resultados do projeto BioComp 3.0, em Mira, no distrito de Coimbra, com o tema “Soluções Circulares para a Gestão de Biomassa”, Jorge Brito, secretário executivo da Região de Coimbra, lembrou que a comunidade intermunicipal tem vindo, ao longo dos anos, a reunir conhecimento sobre a planta invasora que antes não existia.
“Somos das entidades que mais tem investido ao longo dos anos, desbravando muito conhecimento onde ele não existia, ao nível de equipamento, maquinaria, recursos humanos ou formas de intervenção, até chegarmos aqui a um conjunto de conclusões”, destacou.
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A solução que passa por transformar, conjuntamente com outros resíduos orgânicos e através de processos de compostagem, a biomassa de jacintos-de-água em fertilizante orgânico para utilização agrícola, hoje enunciada pelo consórcio responsável pelo projeto BioComp 3.0, foi considerada por Jorge Brito como “um passivo transformado em ativo”.
O responsável da Região de Coimbra destacou, por um lado, a participação das universidades no projeto, através de ciência aplicada, “numa lógica de ajudar a encontrar solução para os problemas”, defendendo, por outro lado, que as intervenções para fazer face aos jacintos-de-água têm de ter continuidade.
“A dimensão episódica, aqui, não serve. Fazer uma coisa e só voltar daqui a três anos, é quase como deitar dinheiro fora, tem de haver uma continuidade e é o que temos tentado trabalhar”, vincou.
Jorge Brito disse ainda que a abordagem do combate à planta invasora “tem de ser sistémica e territorial, se é numa linha de água tem de ser em toda a linha de água”, exemplificando com o caso dos rios que atravessam vários municípios.
“Daí a importância de uma entidade como a nossa [que reúne 19 municípios de Coimbra, Viseu e Aveiro] se envolver no processo”, argumentou.
Sobre o passo seguinte do projeto de utilização da biomassa de jacintos-de-água, nomeadamente a necessidade de existir um enquadramento legal para os procedimentos de compostagem e eventual comercialização, para além da recolha e transporte, o secretário executivo da comunidade intermunicipal apontou a possibilidade de ser criada uma área territorial que funcione como um ‘campo de testes’, supervisionado pelas autoridades de Ambiente, no sentido de se encontrarem, em parceria, as soluções mais indicadas.
Já Artur Fresco, presidente da Câmara Municipal de Mira, considerou as conclusões do projeto BioComp como a transformação de um problema em oportunidade de negócio.
“Se as empresas entenderem que há alguma viabilidade de obterem lucro através disto, grande parte do problema fica resolvido”, enfatizou.
O autarca de Mira alertou, no entanto, que, atualmente, são os municípios que se têm substituído às autoridades ambientais (Agência Portuguesa do Ambiente e Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas) no combate à praga dos jacintos-de-água.
“Nós é que temos feito este investimento e gastado milhares de euros, tanto em maquinaria como em recursos humanos, e nunca somos ressarcidos de coisa nenhuma. Tenho de dizer isto abertamente porque é a realidade, o único parceiro que temos tido é a CIM [da Região de Coimbra], que tem alguns meios que coloca à nossa disposição”, vincou Artur Fresco.
O autarca definiu o município de Mira como “um lutador” nesta temática, devido a possuir diversos planos de água, como lagoas – sendo a mais emblemática a Barrinha da Praia de Mira – que são utilizadas quer para competições náuticas, quer para atividades de lazer e que pretende limpas de plantas invasoras.
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