Justiça

Sócrates nega ter recebido dois milhões de euros do primo

Notícias de Coimbra | 7 minutos atrás em 09-09-2025

José Sócrates negou hoje em tribunal, na nona sessão do julgamento do processo Operação Marquês, ter recebido dois milhões de euros do seu primo José Paulo Pinto de Sousa, também arguido.

Durante a tarde de hoje, o antigo primeiro-ministro terminou o capítulo do Vale do Lobo, o ‘resort’ algarvio que beneficiou de um crédito da Caixa Geral de Depósitos (CGD) considerado ruinoso, e da administração da CGD, tendo começado a explicar a parte da acusação em que o Ministério Público acredita que recebeu dois milhões de euros de José Paulo Pinto de Sousa, seu primo.

“Nunca o meu primo José Paulo me entregou dinheiro nenhum enquanto eu estava no Governo”, começou por dizer o ex-primeiro-ministro socialista, acrescentando que os dois não tinham contacto regular nesta altura. “Eu tenho uma relação fraterna com o meu primo José Paulo, mas ele tinha uma vida completamente independente. Ele vivia em Angola, eu vivia aqui.”

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Para o Ministério Público, José Paulo Pinto de Sousa funcionava como o primeiro testa de ferro de José Sócrates, mas o antigo primeiro-ministro recusou várias vezes esta acusação, tendo referido que o seu primo foi à Suíça duas vezes para levantar dinheiro “para pagar uma importância que devia a um indivíduo angolano”.

Mais uma vez, José Sócrates criticou a posição do Ministério Público, desta vez dizendo que esta é uma “técnica inacreditável: há dinheiro, há crime”. “O que me está a ser exigido aqui é o que está a ser exigido aos outros: provem a sua inocência. Agora exigem que seja eu a provar: ‘prove lá que não recebeu dinheiro do José Paulo’”, acrescentou.

José Paulo Pinto de Sousa está acusado de dois crimes de branqueamento de capitais em coautoria com José Sócrates, Ricardo Salgado, Hélder Bataglia e Carlos Santos Silva – um pelo movimento das contas na Suíça e outro pelos movimentos financeiros da Espírito Santo Entreprise (ESE).

O antigo primeiro-ministro e José Paulo Pinto de Sousa são dois dos 21 arguidos da Operação Marquês e respondem maioritariamente por corrupção e branqueamento de capitais.

Os 21 arguidos têm, em geral, negado a prática dos 117 crimes económico-financeiros que globalmente lhes são imputados.

O julgamento começou em 03 de julho no Tribunal Central Criminal de Lisboa e prossegue a 09 de setembro, com a continuação do interrogatório a José Sócrates.

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