A atriz e influenciadora Beatriz Monteiro partilhou nas redes sociais um episódio que indignou milhares de portugueses. A filha bebé ficou doente e, após contacto com o SNS24, foi encaminhada para o centro de saúde — mas a consulta só pôde ser marcada para as 23h, horário considerado impraticável para uma criança.
Além do horário, Beatriz denunciou a falta de empatia no atendimento telefónico, descrevendo respostas mecânicas e distantes da realidade das famílias.
Infelizmente, este não é um caso isolado. Situações semelhantes têm-se repetido, retratando um Serviço Nacional de Saúde cada vez mais pressionado. Os pais são obrigados a esperar horas com bebés com febre. As grávidas enviadas para hospitais a dezenas de quilómetros devido ao encerramento de obstetrícias, consultas marcadas a horários impossíveis e a falta de médicos de família para quase 1,7 milhões de portugueses.
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Nos últimos verões, encerramentos sucessivos de urgências de obstetrícia obrigaram mulheres em trabalho de parto a percorrer longas distâncias até encontrar maternidades abertas. Problemas semelhantes ocorrem na pediatria, onde há carência de médicos.
O colapso do sistema reflete-se nas urgências hospitalares, sobrelotadas com famílias desesperadas, tempos de espera de 6 a 12 horas e profissionais exaustos. Este cenário tem levado cada vez mais portugueses a recorrer ao setor privado, aumentando a desigualdade no acesso à saúde.
Especialistas alertam que episódios como este não são apenas falhas de gestão, mas sinais de negligência estrutural. Uma consulta para uma bebé às 23:00 não é um contratempo isolado, mas evidencia a perda de prioridade do SNS nas situações mais vulneráveis.
Beatriz Monteiro reforça, com o seu relato, que o SNS precisa de mais do que ajustes pontuais: exige investimento real em profissionais, organização e condições dignas, sob pena de continuar a colocar em risco vidas de crianças, grávidas e famílias portuguesas.
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