Coimbra
Situação nos canis e centros de recolha continua mal mas não se agravou
A situação nos canis e nos Centros de Recolha Oficial de Animais (CROA) dos municípios continua a ser muito difícil, mas não se agravou com o estado de emergência, disse hoje o Bastonário da Ordem dos Veterinários.
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Em declarações à agência Lusa, Jorge Cid disse que, para já, não tem conhecimento de que a situação nos canis ou nos CROA se tenha agravado, nem nas ruas com as matilhas de cães.
“Não tenho qualquer registo de que haja um maior número de animais abandonados. O que estava mal continua mal. Os canis continuam sobrelotados, mas não tem nada a ver com o estado de emergência”, indicou.
No entanto, o bastonário admite que o cenário poderá mudar se começarem a ter solicitações para recolher animais de pessoas doentes ou falecidas por causa da covid-19.
“Temos já grupos de voluntários que se estão a criar para o caso de as pessoas que tratam dos animais estiveram ou venham a ficar doentes e se for preciso fazer recolha em casa de pessoas doentes ou que tenham falecido”, disse, salientando que estes grupos estão em ‘stand-by’.
No entanto, Jorge Cid destaca que o problema será depois arranjar espaços para acolher os animais.
“Estamos a tentar fazer o possível para arranjar locais disponíveis para eventuais recolhas que tenham de se fazer para pessoas que vivam sozinhas e que tenham de ser internadas por doença e vamos tentando com boa vontade arranjar alguns lugares, mas é difícil de se conseguir dado o estado anterior de sobrelotação de todos os CROA e dos canis das associações”, salientou.
Sobre um eventual aumento de matilhas de cães abandonados, Jorge Cid disse que o problema continua a existir, mas também não se agravou.
Também Ricardo Lobo, da direção da Associação Nacional de Médicos Veterinários dos Municípios (ANVETEM), disse hoje à Lusa não ter conhecimento de que a situação se tenha agravado, mas sublinhou que os CROA e os canis continuam a viver dias difíceis.
“As principais preocupações têm a ver com a eventual existência de uma situação de rutura como a que se vive em Espanha ou Itália com um número elevado de vítimas e pessoas internadas. Tememos ser requisitados para recolher animais coabitantes de pessoas internadas ou falecidas e aí sim, podemos ficar com um problema grave”, contou.
Ricardo Lobo explicou que o problema será arranjar espaço para os animais.
“De momento, este cenário não se verifica e esperemos não chegar a esse ponto, mas é um receio que temos. Estamos inclusivamente preparados para poder ir a casa de um doente recolher um cão pois temos algum equipamento de proteção individual para o fazer, o que não temos é espaço para alojar os animais”, disse.
Ricardo Lobo adianta que para já ainda não lhe foi reportada nenhuma situação de falta de alimentação nem de cuidados, uma vez que os voluntários continuam a trabalhar nos abrigos e a fazer recolhas.
“Isto foi uma questão acautelada no decreto do estado de emergência para que as pessoas pudessem continuar a fazer as suas atividades”, disse.
As deslocações de médicos veterinários ou o transporte de animais para assistência médica veterinária, assim como o tratamento de colónias de animais de rua autorizadas pelos municípios estão permitidos no decreto que regulamenta o estado de emergência.
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