A reação humana ao fim do mundo tem sido imaginada em livros, filmes e séries há décadas. Mas um grupo de cientistas decidiu ir mais longe e observar o comportamento humano num “apocalipse” em tempo real — ainda que virtual.
O campo de testes escolhido foi o MMORPG ArcheAge, um jogo de interpretação de papéis em grande escala. Durante 11 semanas de fase beta, milhares de jogadores sabiam que o servidor seria apagado no final, destruindo todo o progresso acumulado — um verdadeiro “fim do mundo digital”.
A experiência, apresentada na Proceedings of the 26th International Conference on World Wide Web Companion e publicada no arXiv, teve como objetivo perceber como as pessoas se comportam quando o futuro deixa de ter consequências. Quando já não há recompensas nem punições, o ser humano torna-se destrutivo… ou solidário?
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Para responder, os investigadores analisaram mais de 270 milhões de registos de atividade, incluindo dados de progressão, interações e missões.
O resultado contrariou as previsões mais pessimistas: em vez de caos e anarquia, a maioria dos jogadores manteve comportamentos cooperativos e tranquilos.
“Mesmo perante o fim, as pessoas continuaram a agir de forma socialmente positiva”, referem os autores do estudo, citados pelo IFL Science.
Houve casos isolados de violência gratuita, mas não se registou um aumento geral de destruição. Pelo contrário — à medida que o “fim” se aproximava, muitos jogadores abandonaram a competição e passaram a interagir de forma mais empática e solidária.
Os cientistas observaram também que, quando o fim era iminente, os jogadores deixaram de tentar evoluir as suas personagens. “Quando o mundo está a acabar, é improvável que alguém queira continuar a melhorar-se”, escreveram os autores.
Curiosamente, os que permaneceram até ao último momento foram também os mais pacíficos e colaborativos, enquanto os que abandonaram o jogo mais cedo demonstraram mais comportamentos antissociais — como atacar outros jogadores.
No fim, o “juízo final” virtual revelou algo profundamente humano: perante o inevitável, a maioria prefere criar laços do que semear o caos.
“O fim do mundo, afinal, pode não ser o fim da humanidade”, concluem os investigadores.
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