Coimbra

Seta amarela indica Santiago de Compostela mas nem sempre está visível

Notícias de Coimbra | 10 meses atrás em 16-07-2023

Os peregrinos nos caminhos de Santiago orientam-se pela tradicional seta amarela, que assinala a direção de Compostela, mas, qual conto de Hansel e Gretel, dos irmãos Grimm, nem sempre é possível seguir as ‘migalhas de pão’.

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Na generalidade, os caminhos estão bem sinalizados com as setas que se destacam nas paredes, nos equipamentos urbanos, marcos e pilares, ou por placas no chão, mas nem sempre estas referências visuais são percetíveis aos olhos dos peregrinos.

No caminho francês, por exemplo, a agência Lusa constatou que muitas das indicações foram vandalizadas pelas mais diferentes razões, desde a contestação política ao desagrado de alguns habitantes pela constante passagem de peregrinos.

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Algumas placas com setas amarelas mais elaboradas, em bronze (no chão) ou em azulejo, fixas aos mais variados suportes, são ‘apetecíveis’ e por isso furtadas, seja para recordação ou para derreter o metal, ou danificadas no processo.

Por norma, nos cruzamentos ou entroncamentos, seja nas cidades ou nos campos, há uma seta a indicar a direção (caso não exista é sempre em frente), ou um x para assinalar o caminho errado, e a sua ausência pode levar a um acréscimo de vários quilómetros no trajeto.

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Situações há em que podem surgir setas amarelas em direções distintas, podendo indicar um caminho alternativo ao original, que irá convergir mais à frente num único, ou a existência de dois trajetos possíveis para chegar ao mesmo local.

No inicio do Caminho Francês, em Saint-Jean-Pied-de-Port, nos Pirenéus, o peregrino é confrontado com duas possibilidades, ou seja, chegar a Roncesvalles, em Espanha, pela exigente rota de Napoleão ou por Valcarlos (obrigatória no inverno).

De Estella a Los Arcos, trajeto marcado por uma fonte pública de vinho, que convida os peregrinos “a beber sem abusar”, existem duas rotas, uma não tão bem sinalizada como a outra, mas só por manifesta sorte é que se opta pela mais bonita.

“Nem me apercebi que existiam dois caminhos. Por sorte vim pelo mais bonito. Já nem tinha a certeza se estava no percurso certo”, admitiu o inglês Jimmy, de 52 anos, habituado a ultramaratonas e empenhado em fazer todo o caminho a correr.

De Nájera a Santo Domingo de la Calzada, na comunidade de Rioja, depois da localidade de Azofra, há também um desvio para visitar o Mosteiro de Canas, mas os peregrinos optam, muitas vezes, por não subir o morro e seguir pela estrada N120.

Mais à frente, já na comunidade de Castilla e León, entre Fromista e Carrión de Los Condes, a rota volta a apresentar duas hipóteses, pelo que o peregrino, para não ser surpreendido, tem que estudar antecipadamente o trajeto preferido.

Entre Terradillos de Los Templários e Bercianos del Real Camino, e daqui a Mansilla de Las Mulas, existem também duas rotas opcionais, uma construída especificamente para os peregrinos e mais fácil e menos acidentada do que a outra.

À saída de León, o ‘camiño’ volta a apresentar duas hipóteses para chegar a Astorga, através da rota histórica por San Martin del Camino ou por Vilar de Mazarife, e em Tricastela surge nova bifurcação para Sárria, por San Xil ou por Samos.

Há também pequenos desvios, nem sempre devidamente sinalizados e que provocam alguma confusão, que pretendem poupar o peregrino a trajetos mais barulhentos, junto de estradas, ou que permitam cruzar vias movimentadas em segurança.

Há outras situações ao longo do percurso em que as setas amarelas – um dos símbolos dos peregrinos juntamente com a vieira – são utilizadas, abusivamente, para desviar os caminhantes para albergues, cafés ou restaurantes perto do ‘camino’.

Um dos principais problemas com que se deparam os peregrinos quando começam a caminhar ainda de noite, e com pouca luz, é seguir as indicações. A dificuldade aumenta nas grandes cidades, dado os vários elementos existentes no campo de visão.

“Seguir setas em ruas, estradas ou caminhos mal iluminados é um desafio. O amarelo devia ser fluorescente, para além de que a sinalética devia ser padronizada. Nas grandes cidades faço sempre um reconhecimento do trajeto de saída”, considerou o argentino Xavier, de Mendonza.

Algumas vezes, basta um carro ou um toldo de uma loja a tapar uma indicação, ou uma parede pintada de fresco ou ainda um marco ‘engolido’ pela vegetação, para que a tarefa de procurar a seta amarela seja, qual ‘agulha no palheiro’, ainda mais difícil.

“Quando saí de Pamplona, ainda de noite, à falta de indicações segui três ‘peregrinos’ que iam uma centena de metros à minha frente e, quando dei por mim, estava no portão de uma fábrica. Eram trabalhadores”, contou a jovem nipónica Nikki.

Para evitar desvios indesejados, os peregrinos devem programar as suas etapas, com o recurso a plataformas especializadas, como o gronze.com ou o aplicativo buen camino, e não hesitar em perguntar ou recorrer ao GPS do telemóvel.

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