Saúde

Ser careca está em risco de se tornar coisa do passado

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 03-11-2025

Imagem: depositphotos.com

A queda de cabelo afeta milhões de pessoas em todo o mundo e, apesar de existirem tratamentos, estes são frequentemente caros e nem sempre eficazes. Agora, uma equipa de investigadores liderada por Shiqi Hu abriu uma nova fronteira na regeneração capilar, focando-se nos exossomas dérmicos — pequenas vesículas secretadas pelas células da papila dérmica que regulam o crescimento dos folículos capilares.

Ao contrário do que se pensava, quando ocorre a calvície, os folículos capilares não desaparecem, apenas encolhem. A chave para um tratamento eficaz reside em reativar estes folículos, que podem permanecer demasiado tempo na fase de repouso (telógena), levando ao afinamento e queda dos fios.

As células da papila dérmica, situadas na base dos folículos, enviam sinais às células circundantes, promovendo a transição do folículo da fase de repouso para a fase de crescimento (anágena). Com o envelhecimento ou devido a fatores ambientais, estas células perdem a capacidade regenerativa, dificultando o crescimento capilar.

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Os exossomas são vesículas extracelulares que transportam proteínas, lipídios e microRNAs, capazes de influenciar o comportamento das células vizinhas. A equipa de Shiqi Hu isolou exossomas derivados da papila dérmica e testou-os em modelos de camundongos, utilizando tanto culturas 2D como esferoides 3D, que replicam de forma mais fiel o microambiente natural das células.

Os resultados foram impressionantes. Após apenas 15 dias, os ratos tratados com os esferoides 3D atingiram 90% de cobertura capilar, enquanto marcadores bioquímicos indicaram uma forte regeneração dos folículos. Estes dados sugerem que os exossomas não só estimulam o crescimento local, como também promovem uma resposta regenerativa mais ampla na pele.

“Os exossomas dérmicos oferecem uma solução que atua na raiz do problema, promovendo a regeneração dos folículos e o crescimento natural do cabelo”, explica Shiqi Hu.

Ao contrário de tratamentos tradicionais, como o minoxidil, que apenas aumentam o fluxo sanguíneo para os folículos, os exossomas podem atuar diretamente sobre os processos celulares que regulam o crescimento capilar. Além disso, podem ser administrados de forma não invasiva, através de adesivos de microagulhas ou sprays tópicos, tornando o tratamento mais acessível e confortável.

Os investigadores acreditam que esta abordagem poderá, no futuro, substituir métodos mais agressivos, como o transplante capilar, oferecendo uma solução mais segura e eficaz para a queda de cabelo.

Os exossomas estão a receber atenção crescente devido à sua capacidade de promover regeneração tecidular em diferentes contextos. A descoberta abre portas não só para o tratamento da calvície, mas também para terapias regenerativas mais amplas, potencialmente revolucionando o campo da medicina regenerativa.

Apesar do entusiasmo, há desafios a superar. Alguns países, incluindo o Reino Unido, proibiram tratamentos com exossomas para fins estéticos, embora algumas clínicas ainda os ofereçam. Serão necessários ensaios clínicos rigorosos para comprovar a segurança e eficácia deste método em humanos.

“Estamos perante uma nova era no tratamento da queda de cabelo, em que a biotecnologia permite regenerar os folículos de forma natural e dirigida”, conclui Shiqi Hu.

O estudo foi publicado na revista Science Advances, a 19 de setembro de 2024, e inclui dados de estudos subsequentes que reforçam o potencial desta tecnologia.

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