Assinaturas NDC

Apoie a nossa missão. Assine o Notícias de Coimbra

Mais tarde

Coimbra

Seis municípios da Região de Coimbra assinam entendimento para criar Geopark Atlântico (com videos)

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 21-04-2021
Seis municípios da Região de Coimbra assinaram hoje, no Cabo Mondego, Figueira da Foz, um memorando de entendimento que visa levar à criação do Geopark Atlântico, um trabalho que poderá levar uma década a estar concluído.

“O que está aqui é o princípio de muito trabalho, um processo de uma década. Temos um património geológico de relevo internacional, temos recursos já instalados nos diversos municípios (…) temos as pessoas e temos uma riqueza cultural e gastronómica que nos permite pôr tudo num quadro de referência que é o Geopark”, disse hoje Mário Fidalgo, da associação de desenvolvimento local Adelo, que coordena o processo com os municípios da Figueira da Foz, Montemor-o-Velho, Cantanhede, Mira e Penacova e Mealhada, da Região de Coimbra.

PUBLICIDADE

“Um Geopark não é um parque de diversões fechado, que tenha uma cancela e uma entrada ou uma saída. Não, é um território e coesão territorial é isto”, frisou Mário Fidalgo, explicando que o nome do Geopark Atlântico “é provisório” no processo de candidatura à UNESCO mas também é “agregador”.

PUBLICIDADE

publicidade

“A nossa área de intervenção é um triângulo com 50 quilómetros de costa atlântica”, observou.

Intervindo na sessão, a diretora do Centro de Geociências da Universidade de Coimbra, Helena Henriques, defendeu que “se há conceito que converge com o de coesão territorial, é o conceito de Geopark.

PUBLICIDADE

“Para ser reconhecido tem de obedecer a muitos requisitos, o selo UNESCO é muito valioso, desde logo tem de ter património geológico de relevância internacional”, afirmou.

“E têm de ser locais que demonstrem com clareza a outras pessoas, que não apenas aos geólogos, pedaços da história da Terra. É muito feliz a circunstância do nosso país, quando fazemos a secção Este-Oeste, conseguimos percorrer 500 milhões da história da Terra. Isto é extraordinário para um território tão pequeno, é raro”, notou a geóloga.

Sobre o memorando de entendimento assinado hoje, Helena Henriques lembrou que “está tudo por fazer em termos de candidatura” ao selo da UNESCO, processo que pode demorar quatro anos.

“E a candidatura tem de emergir da vontade local, há 30 anos que ando a dizer que isto é espetacular e ninguém me leva a sério. Têm de ser as comunidades locais a entenderem que a sua identidade cultural está totalmente enraizada no terreno que pisam”, afirmou a especialista.

Helena Henriques considerou que os requisitos do Geopark Atlântico “em termos de património geológico estão todos cumpridos e sem isso não há candidatura. Agora é preciso tudo o resto, é pegar nos locais com interesse geológico, identificá-los, avaliá-los, preservá-los e valorizá-los”.

“E é preciso um bom website, são precisos programas educativos, é preciso aquilo que todo o geoturista gosta, gosta de ver as pedras mas gosta de comer bem”, brincou.

Sobre o Cabo Mondego, monumento natural que considerou uma “pérola”, notou, no entanto, que apesar de estar “na escala de preservação mais alta, é nacional e por isso é que está abandonado”.

“A proteção da Natureza desenraizada da comunidade não resulta. Tem de ser feita com as pessoas. E um Geopark não é apenas sobre geologia, é sobre geologia e as pessoas que habitam esse território e esse trabalho começa agora”, declarou.

O presidente da autarquia da Figueira da Foz, Carlos Monteiro, destacou o espaço “ímpar” do Cabo Mondego, em termos geológicos e paisagísticos, definindo-o como “uma das conquistas mais importantes para o concelho nestes últimos anos”, depois do tribunal ali definir a zona de domínio público em que se situa.

“As rochas da região são bem expostas ao longo da costa, o património arqueológico e cultural e a biodiversidade enriquecem a região, tornando-a numa sala de aula global. É um catálogo vivo”, expressou Carlos Monteiro.

A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, encerrou a sessão, lembrando que a Figueira da Foz “iniciou o processo [do Geopark] e depois soube fazer o abraço ao território, abraçou os seus vizinhos neste projeto”.

“Em conjunto podemos não ir mais rápido, mas chegamos a melhor porto. É um compromisso muito sério, obriga a região a trabalhar em conjunto. Mas nunca será uma verdadeira candidatura se as gentes desta região não a assumirem como dela”, alertou Ana Abrunhosa.

Segundo Ana Abrunhosa, dos 127 Geoparks reconhecidos em 35 países, cinco são em Portugal: Naturtejo, Arouca, Terra de Cavaleiros, Estrela e Açores “são todos muito diferentes mas são todos especiais. O que os une é o desenvolvimento sustentável que envolve as comunidades e a conservação e proteção dos valores naturais da região, sempre vividos”, sublinhou.

Related Images:

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com