Política
Seguro acusa Ventura de estar na “eleição errada” e dá-lhe guião de pacto para saúde
Imagem: Reprodução
O candidato presidencial António José Seguro acusou hoje o líder do Chega de estar na “eleição errada” e entregou-lhe o guião de um pacto da saúde, com Ventura a recusar ser como uma “jarra de enfeitar”.
No primeiro dos 28 frente a frente entre oito candidatos presidenciais, na TVI, António José Seguro e André Ventura trocaram argumentos e acusações de forma intensa e distanciaram-se em temas como a imigração, os poderes do Presidente da República e a legislação laboral.
André Ventura, líder do Chega, tentou colar António José Seguro, apoiado pelo PS, à “herança” deixada pela governação socialista, mas o antigo secretário-geral socialista respondeu: “se o senhor deputado quer debater com o PS, eu dou-lhe o número de telefone do doutor José Luís Carneiro e debate com ele”.
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“Acho que o senhor deputado está na eleição errada. Porque verdadeiramente devia estar nas eleições legislativas. Ainda há seis meses andou a pedir aos portugueses para votarem em si e neste momento borrifou-se para esses votos dos portugueses e está a candidatar-se a Presidente da República. Não acha que isso fere o contrato de confiança que os portugueses lhe deram quando votaram em si?”, perguntou Seguro.
Na resposta, Ventura disse que só estará “na eleição errada se ser Presidente da República for uma jarra de enfeitar”, o que recusou ser.
“Eu vou-lhe dizer porque é que eu estou na eleição certa. Porque eu sou o Presidente que quer dar um murro na mesa, que quer impedir que a conversa de chacha continue a ser a conversa que leva as pessoas até à Presidência da República”, contrapôs o líder do Chega.
Seguro trazia consigo o guião para o pacto da saúde que tem vindo a defender e fez questão de entregar uma cópia a Ventura durante o debate, explicando que o fazia na sua condição de líder partidário, circunstância na qual o espera “receber em Belém daqui a quatro meses”.
“Vejo o que diz e vejo que não tem solução nenhuma. Tem a mesma conversa que durante 50 anos tiveram sobre a saúde e que levou ao estado em que estamos”, respondeu Ventura quando recebeu o documento, considerando que a solução para a saúde “é pôr os portugueses em primeiro lugar”.
O candidato presidencial apoiado pelo PS acusou o líder do Chega de “estigmatizar as minorias” e também os imigrantes que vêm trabalhar para Portugal, usando dados falsos sobre o acesso à saúde.
Foi nesse momento que Seguro usou a tese de doutoramento de Ventura de 2013 para o atacar, considerando que então o seu opositor estava “do lado certo” e chamava a atenção para “uma estigmatização de minorias”.
“Sabe quanto é que todos os anos na saúde gastamos em desperdício e em fraude? É mais de mil milhões de euros por ano em desperdício. Se quer fazer alguma coisa, comece por fazer isto”, replicou Ventura.
No arranque do debate, com pouco espaço para perguntas do moderador, a revisão da lei laboral esteve em discussão.
“O país não precisa de revisão da legislação laboral nesses termos. Os termos são profundamente desequilibrados, não foram a votos, não fez parte do programa eleitoral dos partidos que fazem parte do Governo e atenta contra direitos dos trabalhadores”, defendeu Seguro, sublinhando que “o direito à greve é um direito legítimo”.
Ventura defendeu uma revisão da legislação do trabalho, mas não a da anteproposta do Governo, criticando medidas como a redução dos direitos de amamentação, considerando que apesar de os trabalhadores terem direito à greve, os utentes afetados também têm direito a uma compensação.
Sobre uma alteração ao sistema semipresidencialista para dar mais poderes ao Presidente da República, o líder do Chega concordou porque quer garantir que o chefe de Estado tem “um papel mais vigilante e mais atuante”.
Ideia diferente foi preconizada por Seguro, que não vê “absolutamente nenhuma necessidade” de alterar o sistema político em Portugal, “muito menos no âmbito de uma campanha eleitoral”, considerando que o problema está na “maneira como se governa” com demasiado “passa culpas” como acusou Ventura de fazer.
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