Política

Seca: Centro do regadio defende mais barragens e obras em perímetros antigos

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 18-10-2022

A construção de mais barragens e obras em perímetros de rega públicos mais antigos, para evitar “desperdícios grandes” de água para a agricultura, foram hoje defendidas por um dirigente do setor, contra a seca e alterações climáticas.

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À margem de um congresso que arrancou hoje em Beja, o presidente da direção do Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR), Gonçalo Morais Tristão, disse à agência Lusa partilhar de “uma ideia” que também é comum “a muita” gente no setor agrícola, sobretudo de regadio.

“Se calhar é preciso, com estas alterações climáticas, fazer algumas barragens em alguns sítios, para represar a água, para que ela depois possa ser aproveitada, nomeadamente na agricultura”, defendeu o também vogal da direção da Federação Nacional de Regantes (FENAREG).

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O COTR, em parceria com várias entidades públicas e privadas, está a promover, até quinta-feira, o IX Congresso Nacional de Rega e Drenagem, no Instituto Politécnico de Beja.

Questionado pela Lusa sobre se os agricultores estão sensibilizados para a questão da poupança de água, sobretudo num ano como o atual, marcado pela seca em todo o país, Gonçalo Morais Tristão foi perentório: “O agricultor está cada vez mais sensibilizado.”

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“Os agricultores são quase as primeiras pessoas a sentir as consequências das alterações climáticas, nas suas culturas e nas suas explorações, e, portanto, eles sempre perceberam as alterações climáticas e têm-se adaptado ao longo dos tempos”, frisou.

Na sua exploração, continuou, “o agricultor vai-se adaptando e, se não tem água, utiliza menos”.

Para o presidente do COTR, centro sediado em Beja e cujos técnicos têm ajudado os agricultores a tornar mais eficientes os seus sistemas de rega, “as alterações climáticas já existem”, pelo que o que é necessário é “usar eficientemente a água”.

“Mas também é preciso percebermos, e isto são dados do Plano Nacional da Água de 2016, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que, em ano húmido, as afluências de água a todo o país são 10 vezes mais do que todo o gasto dos portugueses, seja na agricultura, no turismo, no consumo urbano e no industrial”, indicou.

E, realçou, “mesmo em ano seco, como o atual, as afluências são quatro vezes mais do que os consumos, ou seja, até há água, mas é preciso ter um uso eficiente da mesma e ter atenção aos recursos hídricos”.

Também questionado pela Lusa sobre o desperdício de água em perímetros de rega mais antigos, que funcionam por gravidade e que têm fugas ou em que grande quantidade de água vai acabar no mar, como o de Santa Clara-a-Velha, em Odemira (Beja), o presidente do COTR reconheceu que “há situações com desperdícios grandes, como a de Santa Clara”.

“São situações pontuais” e que acontecem “nos perímetros de rega públicos, a maior parte construída nas décadas de 50, 60, 70 ou 80 do século passado”, requerendo da parte do Estado “um constante investimento na conservação e modernização”, defendeu.

O fórum de debate que começou hoje e decorre até quinta-feira tem como tema “A Sustentabilidade do Regadio – Desafios e Oportunidades”, incluindo mesas-redondas com especialistas, convidados, apresentação de projetos de investigação aplicada e outras iniciativas.

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