Coimbra

Sé Velha! Uma catedral com mil anos de história viva em Coimbra

Notícias de Coimbra | 2 horas atrás em 04-10-2025

Em pleno coração histórico de Coimbra, a Sé Velha permanece como um dos mais emblemáticos testemunhos da arquitetura românica em Portugal.

Iniciada em 1164 por iniciativa do bispo D. Miguel Salomão, a construção da catedral, dedicada a Santa Maria, viria a ser consagrada em 1184, mesmo antes de estar totalmente concluída. No ano seguinte, em 1185, o edifício foi palco da coroação de D. Sancho I, o segundo rei de Portugal.

É a única catedral românica da época da Reconquista que chegou aos dias de hoje praticamente intacta. O projeto é atribuído ao mestre Roberto, arquiteto francês responsável também pela Sé de Lisboa. A construção foi conduzida por mestres como Bernardo e, posteriormente, Soeiro, nomes ligados a outras obras importantes no norte do país.

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Com três naves, transepto ligeiramente saliente e cabeceira tripartida, a Sé Velha marca uma nova abordagem arquitetónica, rompendo com os modelos seguidos até então em Braga ou no Porto. É considerada o ponto de partida para o estilo das chamadas “catedrais do Sul”, onde se incluem também Lisboa e Évora.

O claustro gótico, iniciado em 1218 durante o reinado de D. Afonso II, foi uma das primeiras construções do estilo em Portugal. A sua dimensão obrigou à escavação da encosta, criando um espaço monumental com arcos apontados, óculos superiores e colunas geminadas.

Durante o século XVI, a Sé sofreu algumas alterações renascentistas, das quais se destaca a Porta Especiosa, um dos mais belos portais do Renascimento português, concebido por João de Ruão e esculpido por Nicolau de Chanterenne.

No interior, merecem destaque a Capela do Santíssimo Sacramento, a Capela de São Pedro e o retábulo gótico flamejante da capela-mor, uma obra dos artistas flamengos Olivier de Gand e Jean d’Ypres, destaca o site Visit Portugal.

Os capitéis da Sé, ricamente decorados com motivos vegetalistas e animalistas, representam o mais expressivo programa iconográfico do românico português. Curiosamente, a ausência de figuras humanas ou cenas bíblicas poderá estar ligada à origem moçárabe dos artistas que trabalharam na obra.

As naves laterais guardam ainda diversos túmulos góticos, entre os quais se destaca o de D. Vataça Lascaris, uma dama da nobreza bizantina que chegou a Portugal no século XIV, acompanhando D. Isabel de Aragão, futura rainha de D. Dinis.

Mais do que um monumento religioso, a Sé Velha de Coimbra é um autêntico livro de pedra que narra séculos de história, arte e espiritualidade, é um legado vivo no centro da cidade dos estudantes.

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