Saúde

Sarampo a passo de uma “catástrofe”. Nova epidemia à vista?

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 3 horas atrás em 05-05-2025

Uma tendência crescente de recusa ou adiamento da vacinação infantil pode reabrir as portas a doenças que há muito estavam erradicadas.

É este o alerta de um novo estudo publicado na revista JAMA, que recorre a modelos epidemiológicos para prever o impacto de diferentes cenários de cobertura vacinal nas próximas décadas.

O sarampo, em particular, poderá tornar-se novamente endémico em vários países desenvolvidos incluindo Portugal se as taxas de vacinação continuarem a cair.

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De acordo com os investigadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, mesmo pequenas quebras na administração das vacinas MMR (sarampo, papeira e rubéola) podem ter efeitos devastadores. Num cenário de redução de apenas 10% na cobertura vacinal, o estudo estima que, em 25 anos, possam ocorrer mais de 11 milhões de casos de sarampo, com mais de 170 mil hospitalizações e 2.550 mortes associadas.

Por outro lado, se houver um aumento de apenas 5% na vacinação, o número de casos poderá cair para menos de 6 mil, evitando o ressurgimento da doença como ameaça constante.  “No caso do sarampo, descobrimos que já estamos no limiar da catástrofe“, diz Kiang.

O sarampo, alertam os cientistas, é particularmente preocupante por ser altamente contagioso. Segundo Nathan Lo, investigador em doenças infecciosas e co-autor do estudo, “basta uma pequena falha na imunidade coletiva para o vírus se espalhar rapidamente e de forma sustentada”.

Embora o estudo se foque no panorama norte-americano, os seus autores sublinham que as conclusões se aplicam a qualquer país com tendências semelhantes , como é o caso de Portugal. Depois de ter sido considerado erradicado no território nacional, o sarampo voltou a dar sinais nos últimos anos, com novos casos atribuídos à redução da cobertura vacinal, especialmente entre crianças.

Além do sarampo, doenças como a rubéola, a poliomielite e a difteria também poderão regressar de forma progressiva, alerta o estudo. Se a vacinação fosse reduzida para metade, o modelo prevê mais de 50 milhões de casos de sarampo, quase 10 milhões de rubéola, mais de 4 milhões de poliomielite e dezenas de milhares de mortes evitáveis, pode ler-se no ZAP.

“Estas são doenças que muitos profissionais de saúde nunca chegaram a ver na prática clínica, graças ao sucesso das campanhas de vacinação. Mas isso pode mudar radicalmente nas próximas décadas”, sublinha Mathew Kiang, autor principal do estudo.

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