O secretário-geral do PS acusou hoje Luís Montenegro de não ter idoneidade para exercer o cargo de primeiro-ministro, com o líder do PSD a apontar-lhe falta de autoridade e de ter um comportamento deplorável e insistir em “insinuações gratuitas”.
O tema da empresa Spinumviva, na origem das eleições antecipadas de 18 de maio, foi introduzido a meio do único frente a frente entre os dois antes das legislativas antecipadas de 18 de maio, transmitido em simultâneo por RTP, SIC e TVI, e fez subir o tom dos líderes dos principais partidos.
Pedro Nuno Santos acusou Montenegro de tirar “um coelho da cartola” sobre este tema, depois de o jornal Expresso ter noticiado hoje que o primeiro-ministro entregou uma nova declaração de interesses à Entidade para a Transparência, na qual revela novo clientes da Spinumviva.
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“É inaceitável: é gozar com os portugueses, com quem trabalha, o que Luís Montenegro fez umas horas antes do debate quanto tinha essa informação há dois meses e decidiu atirar o país para eleições. É mais do que suficiente para perceber que não tem idoneidade para o cargo que ocupa e é o principal fator de instabilidade”, criticou.
Na resposta, disse que não foi ele a tornar pública qualquer interação, dizendo ter respondido a uma solicitação que lhe foi feita.
“Contactei hoje a Entidade para a Transparência que me assegurou que não publicitou aquilo que foi a informação que eu enviei ontem e me informou que na Assembleia da República a informação que eu canalizei foi acessível e que, portanto, terá sido eventualmente essa a origem da difusão de uma informação que não tem a minha responsabilidade, até porque eu não tenho autorização para publicitar esses clientes que não estavam identificados”, afirmou.
Num tom duro, Montenegro considerou que está em causa “uma questão de caráter” e acusou Pedro Nuno Santos de não ter nem “autoridade moral, nem vida pública, nem vida profissional” para lhe colocar estas questões, dizendo que nunca questionou o líder do PS sobre os clientes da empresa em que detinha uma participação social quando era deputado ou ministro.
“Tudo aquilo que foi agora aqui descrito por Pedro Nuno dos Santos corresponde a uma exploração de insinuações gratuitas que é lamentável e deplorável que um líder político se preste a fazer apenas com o intuito de tirar daí algum dividendo político”, acusou.
Questionado se mantém a intenção de avançar para uma comissão de inquérito, Pedro Nuno Santos respondeu: “Depende, sobretudo, de Luís Montenegro”.
“Nnunca forçarei nenhum adversário a expor a sua família, a sua mulher, os seus filhos ou o seu pai ou a sua mãe ou a sua irmã a uma comissão parlamentar de inquérito para tirar daí proveito político”, ripostou o primeiro-ministro, com o líder do PS a sublinhar que o seu partido já tinha dito que nunca chamaria a depor a família direta de Montenegro.
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